Nos últimos dias tem sido notícia de primeira página nos jornais e de abertura nos telejornais a "descoberta" do "estripador de Lisboa".
A forma como o assunto tem sido noticiado é um verdadeiro study case.
Vamos admitir que tudo o que tem sido escrito e dito nos últimos dias é verdade, e que se encontra detido o homem que em 1992/3 assassinou de forma bárbara três mulheres, e que por um conjunto de circunstâncias conseguiu na altura iludir uma das mais completas investigações efectuadas pela Polícia Judiciária, que incluiu o apoio de uma das polícias com melhor know how na matéria o FBI, e que o seu filho tinha conhecimento desses factos.
Como classificar a atitude deste jovem de se disponibilizar agora para acusar o Pai de crimes inenarráveis, não para que fosse feita justiça, não para evitar que outros crimes idênticos eventualmente se consumassem, mas como moeda de troca para entrar num concurso televisivo? Está tudo dito acerca da sua formação moral, ainda que de forma ínvia tivesse colaborado para se ficar a saber quem praticou tais desmandos.
Mas ... e se o que tem sido noticiado não corresponder à realidade e não for mais do que a busca do minuto de fama que leva por vezes a ofuscar mentes menos limpas?
Então não tem qualificação a disponibilidade de um personagem para se colocar na pele de um criminoso hediondo, alimentando uma história que a não ser ele o protagonista, é uma caso do foro psiquiátrico a merecer cuidados imediatos.
E quem conduziu uma "investigação" através de um "infiltrado", neste caso o filho do próprio suspeito, não deveria ter informado a Polícia para que fosse avaliada a veracidade dos elementos de que dispunha e só depois publicar esse mesmo material?
Ou o facto de se estar na posse de uma eventual "caixa" e poder publicar uma primeira página "de arromba" dá o direito de passar por cima da objectividade que o caso deveria merecer e do respeito pelo esforço e dedicação de quem no terreno, embora de forma inglória, tudo fez na altura para encontrar o responsável e cuja falta de resultados provocou um verdadeiro trauma em muitos dos investigadores envolvidos, que em alguns casos não foi possível recuperar?
Neste momento com um suspeito detido vai ser possível à Polícia confrontar os elementos no processo, como uma impressão palmar disponível e outras, com o seu ADN. Hoje, amanhã, para a semana vai com certeza ficar-se a saber a verdade.
As famílias da vítimas e todos os que estiveram envolvidos na procura do assassino, merecem a verdade.
E se não for este o "estripador"?
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