Declaração de Interesses: Continuo a pensar que Miguel Relvas é o elo mais fraco do Governo, e que por uma questão de princípio se devia demitir, não chamando à colação, neste momento, que nem sequer deveria ter assumido o lugar de relevo que tem, mas isso são outras histórias.
Mas o que quero relevar aqui, é a forma como Miguel Relvas se deixou enredar num golpe de génio de alguém que pensa, e pensa como deve ser para defender os seus interesses ou os interesses de quem defende, com a questão levantada em torno da ameaça, ou não, à jornalista do Público, das pressões, ou não, desta para que o ministro respondesse em 32 minutos a uma pergunta sua, (porque será que não podia ser em 33?), o pedido ou não de desculpas do ministro, a audição na ERC, por escrito ou presencial, a audição, ou não, parlamentar e todo um conjunto de "dizes tu digo eu", que prometem não ter fim e não vão obviamente levar a lado nenhum.
Mas o objectivo final de alguém foi conseguido. Deixou de se falar nos espiões, nas secretas, nos erros, nas informações eventualmente fornecidas indevidamente a pessoas indevidas, no risco sério em que se colocou a segurança do País, nas eventuais dificuldades colocadas nas relações bilaterais com outros países, face aos atropelos cometidos, em resumo as questões importantes.
Isso foi atirado para o fundo da gaveta, à espera de uma melhor oportunidade política, para no momento oportuno vir ao de cima.
O resto visto pelo prisma da liberdade de imprensa, da democracia, do direito à informação, tem importância sim senhor, mas face ao essencial é "lana-caprina".
Mas tem mais emoção, e assim a malta compra jornais, ouve telejornais, é enganado e bate palmas.
Viva Portugal.
PS: Durante a segunda guerra os espiões cruzavam-se no Estoril, bebiam chá ou whisky à mesma mesa, lançavam e recolhiam boatos, que corriam a comunicar aos respectivos patrões, e depois havia a elite que intoxicava, manobrava e recolhia realmente as informações importantes. Pouco ou nada mudou depois disso.
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