... É matéria na qual em Portugal atingimos o céu.
Reunido em comissão nacional o PS fez a leitura, transmitida através do seu Porta-voz com a maior das naturalidades, que a vitória de Cavaco Silva nas ultimas eleições presidenciais "mostra um forte sentimento de estabilidade política na sociedade portuguesa", que é também um desejo de "estabilidade política ao nível do Governo", acrescentando que a vitória do actual Presidente da República em detrimento do candidato apoiado pelo PS, Manuel Alegre, significa que foram "frustradas as perspectivas dos que viam nestas eleições uma mudança de ciclo político na governação".
Melhor só o PCP quando decidiu em congresso extraordinário de ultima hora apoiar Mário Soares na segunda volta das eleições contra Freitas do Amaral, aconselhando os seus militantes a taparem a cara do dito, para melhor poderem engolir o sapo.
Depois de tudo o que foi afirmado durante a campanha eleitoral do seu meio candidato, que aliás Maomé não desdenharia ter dito do toucinho, por dirigentes do Partido e membros do Governo, nomeadamente através do “Malhador”, o homem sempre disponível para malhar em nome do Chefe sem que este se comprometa, estas afirmações ajudam à descredibilização não apenas de quem as subscreve, mas da classe política em geral.
Não é por acaso que os políticos são aqueles em quem menos confiam os portugueses.
Pudera com gente desta.
Post 221
O Primeiro-Ministro embora tendo reconhecido hoje que o se passou no domingo das eleições presidenciais "foi lamentável", defendeu que é preciso esperar pelos resultados do inquérito em curso para se saber o que se passou; justificação aliás já utilizada pelo Ministro da Administração Interna Rui Pereira, para não ter deferido os pedidos de demissão apresentados pelos Directores-Gerais da Administração Interna e da Administração Eleitoral, tendo remetido essa decisão "para o momento da conclusão do inquérito".
Ora sendo importante averiguar o que se passou, e porque se passou, principalmente, depois de se julgar saber que os dois Directores-Gerais que pediram a demissão, tinham solicitado verbas suplementares para enviar cartas com os dados de eleitor a todos os titulares do cartão de cidadão, tinha sido mais importante que o Senhor Ministro num acto de humildade democrática e dignidade política tivesse de imediato assumido a responsabilidade política do sucedido e pedido a demissão.
Não o tendo feito, deveria ter sido demitido pelo senhor Primeiro Ministro, que todavia desmentiu ter sido recusada a atribuição de verbas à Administração Eleitoral de forma a esta poder informar atempadamente os cidadãos, e não esconderem-se ambos atrás da própria sombra para ver se passam de fininho entre os pingos da chuva.
É feio meus senhores.
Post 219
(AGORA PEÇA A DEMISSÃO)
A propósito das falhas verificadas no dia das eleições presidenciais, o Ministro da Administração Interna, Dr. Rui Pereira, afirmou ontem na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, que “independentemente da dimensão do fenómeno é algo que nos penaliza e que consideramos extremamente grave. E por isso, na primeira oportunidade de me dirigir publicamente aos eleitores, quero pedir aqui desculpa pelo sucedido como responsável máximo pela administração eleitoral”.
A partir desta declaração, independentemente dos inquéritos, das declarações de intenção, e de tudo o que se quiser, só havia um caminho de dignidade e de respeito pela Democracia a seguir: Pedir a demissão.
Claro que não é o responsável directo pelo sucedido, mas é o responsável politico e daí deveria tirar as consequências, sem apelo nem agravo.
E teria um bom exemplo para se inspirar, o do Dr. Jorge Coelho, quando da queda da ponte de Entre Rios, de tão má memória.
A política para ser levada a sério obriga que quem governa mantenha permanentemente comportamentos éticos elevados, para que quem é governado sinta que o é por quem tem, no mínimo, respeito por si próprio e pelos outros.
Ao não pedir a demissão, o que só o dignificaria, revela precisamente falta de respeito por todos os portugueses, e particularmente por aqueles que não puderam votar.
Ainda vai a tempo Senhor Ministro.
Post 217
Na edição de 4 de Dezembro último, o Jornal Expressso publicou a fórmula matemática acima reproduzida, a qual de acordo com os autores permitia concluir que o resultado de Cavaco Silva nas eleições presidenciais de Domingo seria de 53,393%.
Conhecidos os resultados, verifica-se que mais certeiro não podia ter sido o tiro.
Os autores da fórmula Luis Aguiar Conraria, professor de economia na Universidade do Minho, e Pedro Magalhães, politólogo e investigador do Instituto de Ciencias Sociais, estão no blogue "a destreza das dúvidas" http://aguiarconraria.blogsome.com.
Merecem acompanhamento permanente e parabéns pelo feito.
Post 215
Assistimos ontem em directo na televisão a um dos gestos mais antidemocráticos após o 25 de Abril de 1974.
Um dos ex-candidatos à Presidência da Republica, por acaso o que ficou em último lugar, afirmou em directo nos seus últimos cinco minutos de glória que não cumprimentava o vencedor.
Para além da enorme falta de educação que tal gesto representa, é uma manifestação de intolerância fazendo-nos lembrar outros tempos ou outros lugares.
Pelo facto de ser uma figura local, era importante que em qualquer circunstância o perdedor fizesse a pedagogia da tolerância democrática, do bom senso, em suma de uma forma correcta de estar na vida, mesmo perante aqueles de quem podemos discordar, com ou sem razão.
Apesar de em todo o tempo de antena que teve ao seu dispor durante a campanha eleitoral não ter apresentado um único tema com interesse para os portugueses em geral, e se ter confinado a um ataque pessoal sem nexo, não era previsível que levasse tão longe a sua arrogância.
E como dizem os portugueses o que é demais cheira mal.
Se tem provas concretas de casos condenáveis que mereçam ser investigados, tem ao seu dispor todos os meios legais. Força.
Se não tem e se se tratou de uma mera vingança pessoal é triste. E ficamos todos mais pobres.
Começando pelo perdedor.
Post 213