Macário Correia teve recentemente uma manifestação de falta de coerência que é verdadeiramente de bradar aos céus. No âmbito da futura portagem na Via do Infante, como aliás nas restantes Scut´s afirmou que "se dava por vencido mas não por convencido", abandonado a luta que de forma bastante contundente vinha travando contra essa medida.
Ora esta posição revela uma forma errada de estar na política, sobretudo por parte de um autarca o qual deveria, contra ventos e marés, estar sempre do lado do seus municípes.
Se fosse o PS que estivesse no Governo Macário Correia, como aliás vinha fazendo até agora, estaria pronto para ir para a rua liderar uma marcha lenta ou um buzinão, esgrimindo argumentos como a asfixia do turismo, a falta de alternativa à Via do Infante, pois a EN 125 é uma verdadeira Avenida e não uma estrada, etc.
Ao mudar o Governo para o seu Partido, ou seja o PSD, já se podem calar as vozes de protesto e "compreender" que as medidas afinal são mesmo necessárias. Sucede no entanto que aquilo que era verdade ontem não pode ser mentira hoje. Isso só era conhecido no Futebol e pela voz de Pimenta Machado.
Seria de certo modo compreensível que abandonasse a liderança desta luta e se respaldasse numa posição mais discreta, mas daí a dar-se por vencido, ainda que não convencido não abona nada a favor da sua credibilidade política.
A coerência é o cimento que solidifica os princípios e as ideias, que por sua vez são os alicerces de qualquer regime.
Quem a não tem está a mais. Cada vez mais.
Post 378
Muito raramente nos referimos neste espaço a um acontecimento relacionado com a morte. Temos como princípio que é em vida que se deve elogiar e criticar aqueles que merecem o nosso tempo e espaço para o fazermos.
Nesses momentos penso deveria existir um sentimento de contenção, normalmente em relação "às qualidades morais e humanas" de quem parte, os quais se muitas vezes sentidos não raro fazem suspeitar de obrigação moral em relação a quem quando viva não mereceu, por aí além, o respeito merecido.
Se abrimos esta rara excepção é para falar de uma jovem a quem o talento deu quase tudo aquilo que a vida pode dar, e a solidão retirou o mais importante: A própria vida.
Mais uma vez, como quase sempre acontece nestas situações, os verdadeiros responsáveis, aqueles que se aproveitaram do seu dinheiro e da sua fama e a empurraram deliberadamente para um caminho sem regresso ficam impunes e prontos para partir, quais abutres, em busca de outra vítima.
"So Far Away" a sua canção favorita foi o"hino" de despedida no seu funeral, e desejamos seja, onde quer que se encontre, "a light that healed a broken heart", pois acreditamos como disse o seu Pai que ela está agora "num sítio melhor e mais feliz do que foi em vida".
É pena que alguém que podia ter sido uma farol de esperança e luta para uma juventude carente de valores e referências, tenha partido deixando no ar marcas que esmagam essa mesma juventude.
Verdadeiramente livre, esperamos empolgue agora aqueles que a rodeiam cantando-lhes "Love is a losing game", numa altura em que só poderá ter sorte.
A que lhe faltou enquanto esteve entre nós.
Post 377
No passado dia 29 de Junho publicamos um Post no qual afirmávamos que estávamos agoniados com os sinais que davam conta do eventual corte do subsídio de natal dos portugueses.
Infelizmente confirmaram-se as nuvens negras que se adensavam sobre as nossas cabeças, embora de forma não tão gravosa, ainda que não aplicada equitativamente a todos os portugueses.
Se por um lado se pode considerar que a medida, tida como indispensável pelo Governo, revela alguma preocupação social, "poupando" os que estão praticamente abaixo do limiar da pobreza, por outro lado é profundamente injusta ao não incluir, como sempre fizeram todos os Governos de todas as cores partidárias, os rendimentos de capitais.
A justificação apresentada para o efeito é o falso pretexto que se quer incentivar as poupanças, colocando dessa forma fora da esfera do imposto extraordinário valores "colossais", que auferem normalmente juros acima dos praticados correntemente aos balcões das Instituições Financeiras, falando-se de Bancos que vão até aos 6% líquidos para depósitos acima dos 100.000 euros. A ser isto verdade, de que taxa beneficiarão as contas de milhões de euros. É uma pergunta que poucos saberão a resposta, e os que sabem não respondem.
Mas neste caso concreto, todos os rendimentos de capitais deveriam ser tratados "extraordinariamente" em nome de uma justiça fiscal e de um esforço colectivo para a difícil tentativa de recuperação do País.
Vamos só dar um exemplo para tentar ilustrar o que foi dito. O cidadão"A" com liquidez para tal, resolveu aproveitar os preços competitivos do mercado imobiliário e adquiriu um imóvel que colocou no mercado de arrendamento. Com esta decisão investiu num sector em crise, e apostou num mercado com carências. Pagou IMI e Imposto de Selo, e vai ver os seus rendimentos das rendas incluído no IRS, o que o torna sujeito passível do Imposto Extraordinário.
O cidadão "B", com igual disponibilidade, colocou o dinheiro na Banca. Recebe o respectivo juro liquido da taxa liberatória (21,5%) e não paga mais nada. NÃO ESTÁ CERTO.
A introdução de uma sobretaxa extraordinária, a vigorar apenas enquanto vigorasse o imposto extraordinário, sobre as taxas liberatórias, tornaria o imposto mais justo e menos doloroso para quem paga.
Razão tinha eu para estar agoniado. Não sabia bem era porquê.
Post 376
A nomeação de António Nogueira Leite para Administrador da Caixa Geral de Depósitos revela uma total falta de bom senso político por parte de Pedro Passos Coelho, que não esperávamos se manifestasse tão cedo, poi seria de presumir que adoptaria o salutar princípio político da independência pessoal nas nomeações, princípio esse cujo regresso à política em Portugal era oportuno que agora se introduzisse em oposição ao caminho trilhado pelo anterior Primeiro ministro.
Mas é igualmente uma decisão manifestamente infeliz do Governo, sobretudo para o nomeado que sempre demonstrou um total desapego à política e aos cargos públicos, o que levava a ser expectável que não aceitaria um cargo que, face à prevista "nacionalização" da Caixa Geral de Depósitos, com as necessárias negociações que se irão desenrolar em diversos sectores da economia nacional, nomeadamente no da saúde, coloca António Nogueira Leite numa posição incómoda de incompatibilidade, se não legal pelo menos moral,
O que aliás o próprio reconhece implicitamente quando afirma que "não participarei em decisões que envolvam o grupo onde trabalhei, apesar da lei não obrigar a isso. E quando digo que não participarei, não estarei sequer na sala quando isso for discutido"
Ora trata-se de um falso argumento para convencer o povo que a mulher de César é séria, quando neste caso é mesmo séria, só que está no local errado no tempo errado.
Com efeito toda a gente sabe que este tipo de decisões não são tomadas à última hora numa reunião de um qualquer Conselho, mas antes objecto de operações de lobbying, negociadas e decididas longe dos holofotes, depois de meses de estudo. Concordemos pois que é uma desculpa de mau pagador. Notoriamente.
E António Nogueira Leite não merecia ser sujeito a este tipo de escrutínio público. Ou será que se trata de uma vingança, servida fria, por não ter acompanhado Pedro Passos Coelho nas negociações dos sucessivos PEC's, depois de ter considerado que o antigo Ministro das Finanças Teixeira dos Santos lhe tinha faltado à palavra dada quando da negociação do primeiro pacote?
Ou nos enganamos muito, ou ainda vamos ouvir falar desta nomeação pelas piores razões.
Post 375
António José Seguro, foi ontem eleito Secretário Geral do Partido Socialista, com mais de 2/3 dos votos dos militantes, no que foi uma demonstração evidente da vontade de mudar de página no partido, tal como os portugueses já haviam feito a nível nacional nas recentes eleições legislativas.
Como diria Pedro Santana Lopes o percursor, em termos políticos, da leitura dos astros, estava escrito nas estrelas que um dia seria Secretário Geral do PS. Falta agora o própro afirmar que um dia será Primeiro Ministro, só não sabendo quando, tal como afirmou antes de ter utilizado o lugar que lhe serviu de trampolim para Bruxelas o destinatário original do discurso das estrelas, ou seja Durão Barroso.
É de saudar a chegada de António José Seguro ao poder no partido. Pode dizer-se que é o corolário de uma longa caminhada, cujo objectivo foi delineado há muito tempo e de onde não se desviou nunca um milímetro sequer. Durante o consulado do ex- Secretário Geral do PS, o silêncio quase sepulcral, foi a fórmula que escolheu para atravessar o deserto partidário, já que o "eucalipto" secava tudo à sua volta.
E até quando de muito em muito longe tinha alguma intervenção de fundo, ou votava "desalinhado", era dentro da linha de orientação por si traçada à longo prazo que o fazia. Queria ser Secretário Geral do partido, com obviamente quer ser Primeiro-ministro e nisso jogou a sua carreira política. Meteu agora um golo importante nesse objectivo mas está longe de ter vencido o desafio, pois as tácticas particulares, dentro do seu próprio partido, fazem deste um jogo de resultado imprevisível. E como diria quem sabe, prognósticos só mesmo no final.
Tem a seu crédito méritos valiosos. Uma vida pública sem casos conhecidos e uma carreira académica honesta.
E já demonstrou a capacidade de ser solidário com os amigos, quando acedeu ao "convite" de António Guterres para que abandonasse a "reforma" dourada de Bruxelas, e viesse para Lisboa ocupar o cargo de Ministro Adjunto do PM, quando a estrada que conduzia ao pântano já se estava a aproximar perigosamente do fim.
Agora nesta fase crítica que o País atravessa, espera-se que saiba encontrar o compromisso entre a necessidade de fazer uma política de combate ao Governo, e a obrigação de o apoiar nas decisões mais difíceis que este terá de tomar para cumprir as metas a que o País se propôs. Equilíbrio, bom senso e sobriedade são atributos que se lhe reconhecem, e que se lhe exigem nesta fase.
Educação também já demonstrou ter. E esta não se aprende na escola. Ou vem do berço ou não chega nunca. O passado recente no seu partido demonstrou à saciedade que em política os "animais ferozes" vão com facilidade para casa estudar, o que na realidade demonstraram bem precisar.
Finalmente uma palavra de elogio para Francisco Assis, que soube ser fiel às políticas e aos políticos por quem deu a cara no Parlamento durante seis longos anos. Não foi por ele que o PS saiu do Governo, nem ele foi um dos rostos visíveis de um falhanço vivido.
Portugal, e o Partido Socialista por maioria de razão, não podem desperdiçar um político como Francisco Assis.
Esperemos que tal não aconteça.
Post 374
... E INFLUENCIAR PESSOAS
Na Revista Única, editada com o Jornal Expresso do dia 9 deste mês, foi publicado um curioso artigo pela jornalista Mafalda Anjos sobre o Livro "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" de Dale Carnegie, cuja leitura aliás se recomenda vivamente.
Apenas um detalhe "falha" neste artigo, quando refere que "chegou agora a Portugal pela Editora Lua de Papel".
Ora o Livro "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" já tinha sido publicado em 1967 pela Companhia Editora do Minho de Barcelos, conforme se documenta. É mesmo só um pormenor.
Post 373
Vivemos hoje em Portugal uma crise económica e financeira cuja gravidade poucas vezes foi atingida em mais de oito séculos de história, mas vivemos igualmente uma crise de valores éticos, morais e profissionais.
Claro que com o tempo se há-de fazer o levantamento das causas que estiveram na sua origem, bem como o julgamento político dos homens que conduziram o País à actual situação.
A história recordará com pesar os seus feitos.
Porém agora “enterrados os mortos há que cuidar dos vivos”, para enfrentarmos uma situação que provavelmente ninguém saberá como vai terminar, e para a qual cada um de nós advogará, um modelo de governação e a adopção de medidas diferentes, que por certo nos conduziria a porto seguro.
Mas uma coisa é certa, só um País de excelência sobreviverá. Um País que se reveja em pessoas, empresas e instituições que em Portugal e no estrangeiro poem à prova com sucesso as suas competências. Poderiam apresentar-se centenas de exemplos.
Desde os êxitos da industria do calçado em geral, e da industria dos moldes da Marinha Grande ao sucesso de empresas no domínio das tecnologias de informação e da electrónica transparente. Desde a cooperação e qualidade profissional demonstrada por centenas de operários da Auto Europa, à qualidade do Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Leiria-Pombal, incluindo o sucesso de inúmeras empresas que souberam descobrir e impor-se em clusters importantes como a logistica, os transportes, os medicamentos e tantos outros.
São referências meramente ao acaso de, felizmente, um universo imenso.
Um País constrói-se ou revitaliza-se com trabalhadores empenhados, capazes de se superar mesmo que se considerem pontualmente prejudicados. Com investidores persistentes capazes de colocar os interesses globais a par dos seus interesses particulares. Com governantes capazes, sem tiques nem complexos, e com visão de futuro.
Um País aguenta-se com desistentes, recalcitrantes, protestantes e Velhos do Restelo, mas se forem poucos.
Um País afunda-se quando um obscuro Ministro das Obras Publicas, que embora com a cobertura de um Primeiro ministro, ainda mais obscuro, autoriza o inicio de obras sem visto do Tribunal de Contas, que poderão conduzir a indemnizações de centenas de milhões de Euros. Afunda-se quando alguém sofre um AVC e só chega ao hospital duas horas depois, porque no local onde deveria aterrar o helicóptero que o ia recolher para conduzir aos hospital não havia luz e ninguém sabia onde estavam as chaves do quadro de ligação.
Afunda-se quando se perdem milhões de euros e se desperdiça metade do sangue que os dadores oferecem voluntariamente, porque um concurso publico para a aquisição de uma unidade de processamento do plasma está bloqueado há 10 anos. Não é gralha, não são meses, são realmente anos. 10! 10 Anos.
Um País já está a afundar-se quando o Presidente da Câmara de Grandola, o autarca socialista Carlos Beato, nomeia o seu filho para o cargo de adjunto do seu gabinete de apoio pessoal, decisão que qualificou como "consciente e responsável", por se prender com a necessidade de "encontrar alguém com o perfil profissional e pessoal que garanta a qualidade, a eficácia e a confiança que o desempenho destes cargos exige", e tendo também em conta "a dinâmica de desenvolvimento" que o concelho tem sentido, "as novas exigências ao nível das responsabilidades e atribuições dos municípios" e "as medidas de gestão cada vez mais rigorosas que têm de ser tomadas no âmbito da crise que o país e a região atravessam".
Um País já está a afundar-se quando o Presidente de Câmara de Loures nomeia a mulher, a filha, dois cunhados e nora para lugares de Chefia dessa mesma Câmara, sem que ninguém se lhe oponha, admitindo que “embora possa parecer mal” nada lhe pesa na consciência. Claro que não pesa. Para pesar era preciso tê-la.
Torna-se pois imperioso a criação de um Ministério da Excelência que nos leve a todos, mas mesmo todos, a interiorizar e adoptar uma mentalidade de Excelência. Do mais humilde trabalhador de todos nós, ao Dirigente de topo.
Desde o varredor que empurra de forma dolente o carrinho do lixo, cigarro na boca, olhos perdidos no horizonte, mas de tal forma perdidos que não vê o lixo nas ruas por onde vai passando, o qual fica no mesmo sítio, até à senhora que no guichet do Centro de Saúde atende aos berros, e com maus modos, os indefesos utentes, que lhe pedem uma ajuda ou uma informação, porque os que não são indefesos ela não trata do mesmo modo; e até ao Chefe da Repartição de Finanças que pressionado pelo rating das penhoras e cobranças coercivas, estabelecido pelas suas Chefias, adopta o princípio do “primeiro cobra-se o que se puder e quem não estiver de acordo que vá para tribunal”, passando como cão por vinha vindimada, por cima dos direitos dos pequenos contribuintes, ainda que devedores, relapsos, ou faltosos, mas não procede de igual forma com os mais poderosos que se apresentam na Repartição de Advogado a tiracolo.
Precisamos de ter a capacidade para dar a volta a este estado de coisas, e só então será possível admitir que pagaremos ao longo do tempo a nossa dívida soberana.
Se não formos capazes voltaremos às origens. À emigração em massa, à fome e à miséria.
Depende de todos nós, hoje, o futuro livre dos nossos filhos, porque o nosso estará para sempre empenhado.
Post 372
http://splitscreen-blog.blogspot.com
Como vulgar leitor, não aprecio o escritor José Saramago. Tirando as suas primeiras incursões na escrita li praticamente toda a sua obra, a qual francamente não me deslumbra.
Eu sei que a falha é minha, que mal sei ler e escrever, e disso me penitencio, mas o facto de ter aplaudido com enorme alegria a sua nomeação para Nobel da Literatura e me ter sentido “inchado” de satisfação ao assistir pela televisão à entrega do respectivo galardão, diminui o meu sentimento de culpa.
Com interventor político a actividade José Saramago não foi no meu ponto de vista notável, nem quando da sua passagem pelo Diário de Notícias, que foi mais um acto político do que profissional, nem a sua militância no PCP ou mesmo a sua conduta na presidência da Assembleia Municipal de Lisboa, bem como não considerei razoáveis algumas intervenções suas em púlpitos internacionais a defender o indefensável.
Peço desculpa mas tenho outros valores.
Não obstante, não estive de acordo que um obscuro subsecretário da Cultura, tenha vetado a candidatura do seu romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo ao Prémio Literário Europeu, justificando tal decisão com o argumento estapafúrdio de “que a obra não representava Portugal mas, antes, desunia o povo português”, embora tenha achado exagerada a decisão de José Saramago se mudar para Lanzarote, por considerar ter sido vítima de um acto de censura por parte do governo português, embora tivesse feito a opção de pagar os seus impostos em Portugal, porque aqui eram mais baixos. A decisão de mudar de País é obviamente legítima. O argumento é, no entanto, frouxo.
E o facto de tal decisão ter sido incluída na agenda de uma cimeira Portugal/Espanha, foi de uma enorme falta de senso. Pelo menos.
Em resumo podemos discordar, criticar ou repreender os nossos filhos dentro da nossa própria casa, mas devemos defendê-los com unhas e dentes quando o nosso apoio é necessário para levar o seu nome através do mundo.
Por isso apoio a candidatura do documentário “JOSÉ & PILAR”, de Manuel Gonçalves Mendes, ao Óscar de melhor filme estrangeiro e apelo a que todos os que estão de acordo com essa candidatura assinem a petição pública dirigida ao Instituto do Cinema e Audiovisual que está a decorrer em:
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PS: Este Post está escrito como se José Saramago esteja vivo, pela simples razão de que ele estará sempre entre nós. Mesmo quando estamos em desacordo com ele.
Post 371
Como habitualmente sucede por esta época com a publicação dos resultados dos exames do 9º e 12º Anos de escolaridade, instala-se na comunidade escolar, mais que na opinião púbica, alguma controvérsia acerca da qualidade desses mesmos resultados.
Ora os "maus" resultados deste ano NÃO podem ser comparados com os resultados verificados no período áureo de demagogia sobre esta matéria, vivido no consulado do ex Primeiro-ministro, por uma de duas razões a saber:
1 – Ou os exames na altura apresentavam o grau de exigência do deste ano e os resultados não seriam com toda a certeza os que foram então apresentados, com enorme espalhafato, como o corolário lógico das ditas correctas políticas de educação traçadas;
2 - Ou este ano os exames tinham a complexidade dos anteriores, em que havia perguntas consideradas, benevolentemente, por especialistas como "demasiado evidentes" e nesse caso agora os resultados seriam em tudo idênticos aos então verificados.
Verdade seja dita que os exames deste ano foram ainda elaborados durante a vigência do anterior Governo, mas os responsáveis, que estavam sob escrutínio, entenderam por bem colocar a fasquia de exigência um pouco mais elevada, conforme aliás foi ontem revelado pelo Director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) o qual confirmou que os resultados das provas de exame do 3.º ciclo do ensino básico de Português e de Matemática “reflectem o ajustamento do nível de exigência, concretizado numa acrescida complexidade de alguns dos itens e na continuação da procura de um maior rigor na definição e também na aplicação dos critérios de classificação”, tendo igualmente recordado ser esta tendência patente já nos resultados de 2010 que, no caso da disciplina de Matemática, apresentaram uma quebra de sete pontos percentuais no valor médio em relação a 2009 (57%, em 2009, e 50%, em 2010).
O caminho agora traçado, que se entende como o mais correcto, deve ser prosseguido e aprofundado, para que quem estuda quando chegar ao final de um importante ciclo da sua vida se encontre munido de conhecimentos e competências minimamente adequadas a um futuro desempenho profissional, cada mais exigente e que está cada vez menos disponível.
Para que os resultados obtidos sejam cada vez melhores, qualitativa e quantitativamente, sobram outros importantes problemas a necessitar de solução urgente, tais como a melhoria global da qualidade do ensino, uma correcta avaliação dos professores, a adequação das cargas horárias à complexidade e importância das matérias dadas, a disciplina nas escolas, dentro e fora da sala de aulas, entre outras.
Não é pois fácil a tarefa que espera Nuno Crato, tal como não é fácil a tarefa de nenhum dos Ministros do actual Governo.
Compete-lhes devolver a esperança a Portugal.
É o mínimo que se lhes exige.
Post 369