O Jornal Expresso publicou no passado sábado o seu número 1999, preparando-se para entrar num nono milénio de publicações. É significativo, por várias razões, até porque tendo começado a publicar-se durante o anterior regime durante o qual digamos que foi vigiado de perto pelos poderes instituídos, ultrapassou a revolução dos cravos, e soube ultrapassar outras revoluções menos floridas e mais mal cheirosas.
A qualidade dos jornalistas, dos colaboradores e dos colunistas, bem como dos seus Directores ajudaram a marcar a diferença. O nível intelectual de figuras de prestígio como Pinto Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, Augusto de Carvalho e José António Saraiva, sem menosprezo para os restantes, ajudaram a consolidar um projecto.
Pela nossa parte somos leitores do Jornal Expresso desde o seu primeiro número. É obra.
Salvo pontuais períodos de ausência do País ou quando estacionado em locais em que o mesmo não estava disponível, só por uma vez neste longo período tempo fizemos uma paragem de protesto na compra do semanário.
Foi quando na véspera de eleições legislativas o Expresso apresentou na primeira página a ocupar talvez metade da mesma o previsível futuro Primeiro-ministro, acompanhado de pequenas fotos dos lideres dos pequenos partidos, e só na terceira página aparecia, ainda mais pequena, a foto do líder do futuro maior partido da oposição.
Entendi, eu e muito mais pessoas, que sendo legitimo o Expresso tomar posição o deveria fazer como sempre fez, de forma clara e peito aberto e não de forma subliminar, como apareceu aquele número do Jornal.
Foram três meses de suspensão sabática. Depois, como bom filho, a casa tornámos.
Tudo o que atrás escrevemos tem a ver com o facto de termos sido surpreendidos esta semana com a despedida de vários colunistas, como aliás já vinha sucedendo a algumas semanas, prenúncio de grandes mudanças, mas que neste número do Jornal se tornaram mais evidentes. E em todas as despedidas de nota para além da natural tristeza da hora da partida, uma certa amargura pela forma como se dá essa partida.
Nomes como Inês Pedrosa, Ruben de Carvalho, João Duque, António Almeida e José Manuel dos Santos deixam de colaborar com mensagens que reflectem um estado de espírito critico(?) perante a nova Direcção. Em todos os casos houve uma palavra de agradecimento para quem os convidou, mas nem uma palavra de felicidades para o Novo Director Ricardo Costa. Significativo.
Esperemos que Ricardo Costa não faça como Artur Jorge quando chegou a treinador do Benfica e dispensou 17 ou 18 jogadores comprou 15 ou 16 novos e lançou o clube, que tinha sido campeão na época anterior, numa crise que levou mais de quinze anos a superar e com isso ajudou um clube rival a atingir resultados na altura difíceis de imaginar.
Que no Expresso os vindouros tenham pelo menos a mesma qualidade dos que partiram, e que tragam alguma mais-valia, são os votos sinceros de um leitor atento.
Estarão sob escrutínio atento, tal como Ricardo Costa.
Até breve.
Não somos muito dados a comentar as peripécias do futebol nacional, embora uma vez por outra lá sejamos tentados a meter uma colherada no caldeirão agitado onde este se move. Todavia não podemos deixar passar em branco o que mais uma vez se passou no Estádio do Dragão no recente jogo entre a equipa do FC Porto e a do SL Benfica.
Ao não hastear, pela segunda vez consecutiva, a bandeira do clube com quem disputava o encontro, os dirigentes do FC Porto manifestaram um total desprezo, não só por aqueles com quem lutam, ombro a ombro, na procura de serem os melhores, ou os primeiros, mas por todos os desportistas em geral.
Nem o facto de terem sido multados da primeira vez, e provavelmente voltarem a sê-lo desta, retira o direito de crítica social a um acto tão feio que uma simples multa pecuniária não é suficiente para o fazer esquecer.
Não reconhecer o símbolo do clube com quem se disputa um simples jogo de futebol é uma demonstração de falta de cultura desportiva, democrática e de cidadania, que dever ser criticada.
É um acto que não dignifica seja quem for que pratique.
Pode eventualmente aceitar-se que os dirigentes, enquanto pessoas, tenham questões pessoais, entre si, mal resolvidas; que não gostem da outra equipa, do treinador dessa mesma equipa, ou do jogador A ou B; até mesmo da cidade de onde emana o adversário, mas os CLUBES, são instituições, no caso ambas com mais de cem anos de existência, que estão para além de quem conjunturalmente os dirige.
Está na hora de uma reflexão profunda de todos aqueles que giram na órbita desta industria, como gostam de afirmar alguns supostos lideres.
É verdade que o exemplo dado pelo orgão máximo que dirige o Futebol, ou seja a sua Federação, não é o melhor e ajuda a fomentar rivalidades.
Mas tenham cuidado senhores não matem a galinha.
Depois não há ovos. Nem de ouro, nem para fazer omeletas.
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foi eleito para discutir o título, em Janeiro de 2011, de Melhor Treinador do Mundo, em conjunto com Vicente Del Bosque e Pep Guardiola
A escolha, esperada e merecida, é por si só reveladora da capacidade do nosso compatriota, uma semana depois de ter sofrido a maior derrota da sua carreira em termos desportivos. (5-0 em Camp Nou frente a um Barcelona demolidor que deitou por terra todos os esquemas tácticos postos em prática).
Uma da explicações dada por Mourinho para o sucedido parece-nos válida: O Barcelona é uma equipa pronta e o Real Madrid uma equipa em construção. Pode ser que o tempo lhe venha efectivamente a dar razão.
A derrota em Barcelona, tal como a vitória de 4 a 0 de Portugal sobre a Espanha, como a recente vitória do Porto sobre o Benfica, e como outros resultados pouco esperados, em que equipas qualificadas perdem, episodicamente, por margens dilatadas, é normal e faz parte do futebol.
Anormal, inesperado e na nossa opinião merecedor de severa crítica, que não vimos ser assumida por nenhum dos experts sempre prontos a apregoar as qualidades (reais) daquele que é sem dúvida um dos melhores treinadores do mundo, face ao numero impressionante de troféus importantes ganhos em tão pouco tempo de carreira de treinador, foi o comportamento de José Mourinho no jogo do Real Madrid contra o Ajax, em que depois de ter garantida a vitória no jogo e assegurada a qualificação para a fase seguinte da competição, ordenou que dois jogadores seus em risco de serem penalizados, fizessem por apanhar o segundo amarelo e dessa forma "limparem" o castigo num jogo sem importancia, e ficarem assim disponiveis para futuros confrontos.
A UEFA, não se alheou do acontecimento, e puniu, quanto a nós de forma branda os intervenientes neste triste acontecimento. Para além do próprio Real Madrid, Sérgio Ramos, Xabi Alonso, Casillas e Dudeck foram multados. José Mourinho foi considerado o mentor das polémicas expulsões, e para além de multado foi suspenso com dois jogos de castigo (um com pena suspensa).
A conduta de José Mourinho, faz-nos lembrar a PT e outras Empresas no caso da distribuição antecipada de dividendos.
A sua conduta pode ser legal mas é imoral.
E José Mourinho não precisa de expedientes destes para ganhar. Já o provou.
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