O povo açoriano, escolheu ser governado durante pelo menos mais quatro anos pelo Partido Socialista.
Tratou-se de uma escolha judiciosa, exercida democraticamente, que não merece qualquer discussão esperando-se que o decorrer da legislatura seja de molde a mostrar a justeza da escolha.
Na opinião de alguns observadores terá sido perdida a oportunidade de inverter um ciclo político iniciado há doze anos e protagonizado por Carlos César o qual se mostrou demasiado conflituoso, procurando e conseguindo com o apoio do governo de José Sócrates afrontar de forma desnecessária o Presidente da Republica.
Também foram tomadas pelo Governo Regional dos Açores medidas populistas destinadas a mostrar uma falsa independência face às decisões do Governo Central ao qual em situação de aperto acorreu para fazer face às suas dificuldades de financiamento.
Solidários nas desgraças, Independentes na abastança, poderia ser o seu slogan.
Mas isso são águas passadas e o futuro precisa que, em conjunto, se olhe para a frente, solidariamente, até que a bonança, que por certo há-de chegar se faça anunciar.
Quem perdeu as eleições, Berta Cabral, perdeu-as por falta de carisma e de capacidade para mobilizar quem, ainda que descontente com a crise que o País na sua globalidade atravessa, votaria por certo numa mudança política se se considerasse representado por uma figura com capacidade para melhorar a situação vivida localmente.
As realidades locais e os erros cometidos durante os doze anos de governação de Carlos César por si só eram mais do que suficientes para conseguir mobilizar descontentamentos e criar novas expectativas.
Berta Cabral não acrescentou nenhuma mais valia, necessárias para fazer a diferença e nem sequer conseguiu preencher o seu próprio espaço político, o PSD, onde nem todos foram mobilizados quanto mais fazer chegar as suas propostas à população em geral.
Foi efectivamente uma derrota pessoal, que Berta Cabral obviamente assumiu, ampliada pela falta de solidariedade, a nível nacional, para com os seus pares, o seu Partido e sobretudo o chefe do Partido que escolheu para militar.
Perguntou em directo na televisão se a achavam parecida com “o Pedro Passos Coelho”. Não é parecida. Em nada, mas não pelas boas razões políticas que julgava reinvindicar.
Querer demarcar-se, atabalhoadamente, do Governo Central, do Partido a nível nacional e do Secretário-geral do partido, mostrou para além da falta de solidariedade, falta de capacidade de entendimento dos tempos e das pessoas.
Quem não é capaz de ser solidário com os seus, quando o mar está encapelado, também não merece credibilidade para comandar o bote quando as águas estão calmas.
É que, como açorianao Berta Cabral bem sabe, o mar de um momento para o outro se alevanta.
E quando há mau tempo no canal só os mestres com valor são capazes de fazer a travessia em segurança.
Berta Cabral mostrou que não tinha (valor).
Os Historiadores contra o fim dos feriados;
Os Sindicatos contra o aumento de meia hora de trabalho diário;
Os Utentes contra os aumentos das taxas moderadoras;
Os Automobilistas contras a introdução de portagens nas SCUT´s
Os Estiudantes contra os cortes no ensino superior;
Os Professores contra os estatutos;
Os Funcionários Públicos contra os cortes nos Subsídios de Férias e
de Natal:
Os Restaurantes contra o aumento do IVA na restauração;
Os Pensionistas contra os cortes nas Pensões;
Os Militares, Os Policias e a GNR contra a falta de verbas;
O Marinho Pinto contra a Ministra da Justiça;
O Alberto João Jardim contra os "cubanos";
O Carlos César contra o corte das tolerâncias de ponto ... e contra
outros cortes;
O Lobo Mau (leia-se troika) contra este Governo (Porque se não foi este
foi o outro que duplicou a dívida *
e Eu contra o SAPOBLOGS porque nunca mais olha para o Lanzas com
olhos de ver !
* Pudera não era para pagar, era só para gerir.
Post 438
Alguma (muita) coisa vai podre no Reino da Dinamarca, que é como quem diz no regime democrático em que vivemos. Vejamos um exemplo:
"Democraticamente" os galegos do Continente contribuem com os seus impostos para a insularidade dos Açores. Não estou de acordo mas que hei-de fazer? Aguentar.
Com efeito para transferir para os Açores parte dos impostos dos que não ganham para comer no Continente o Governo tem legitimidade democrática, mas para impor as mesmas regras, os mesmos impostos e os mesmos deveres que impõe no Continente, para isso já não tem legitimidade.
Nesses casos como é para distribuir está lá o senhor Presidente do Governo Regional, que distribui o que não lhe custa a ganhar, pois para pagar estamos cá nós, como se verificou com a decisão que tomou oportunamente de proceder à atribuição de uma remuneração compensatória a todos os trabalhadores com remunerações mensais brutas entre os 1500 e os 2000 euros, de forma a anular o efeito do corte salarial decretado pelo Governo da Republica, que os galegos do Continente aguentaram democraticamente.
Para os galegos do Continente o Governo tem toda a legitimidade para dizer que o dia 23 de Dezembro é um dia normal de trabalho, mas nos Açores o senhor Presidente do Governo Regional vem dizer que de tarde não se trabalha para se respeitar a tradição da época natalícia.
Tradição essa que pelos vistos no Continente nunca se verificou.
Até o Menino Jesus andou às voltas nas palhinhas.
Então para pagar são uns e para desfrutar são outros.
Em nome de quê? Da coesão nacional? Passo.
E aquela coisa do bom senso? Não se aplica e pronto, e ficamos todos felizes, é ?
É preciso cautela, porque quem semeia destes ventos sujeita-se a colher tempestades, e quem vai para o mar ...
Porque para quem tem de atravessar o canal o mau tempo não é para brincadeiras.
Post 433
Antecedendo a fase de contar espingardas, começam a verificar-se no seio do PS movimentações no terreno dos que se perfilam como candidatos a candidato do PS na próxima eleição para a Presidência da Republica. Nada aliás que não se verifique para os lados da Direita, com Marcelo Rebelo de Sousa na “pole position”.
Cingindo-nos por agora ao PS, o provável candidato mais bem colocado, quanto a nós, é António Costa. Manteve-se distante das disputas relativas à eleição do novo Secretário-geral e adoptou há muito uma posição de Estado, não se coibindo inclusive de uma postura crítica em relação ao próprio Partido.
Julgamos que o ex-Secretário Geral do Partido é uma carta fora do baralho e quanto a António Guterres, este marcou o seu próprio território definitivamente. Presidência da Republica: “jamais”.
Sobram o habitual candidato para tudo o que é lugar de destaque no Partido, António Vitorino, visto já com desconfiança, e os candidatos do costume Mário Soares e Manuel Alegre, mas julgamos que para estes o tempo não vai voltar para trás.
É pois dentro deste quadro de posicionamento das principais figuras do PS para a Presidência da Republica, outros actores haverá mas aguardam para ver em tempo oportuno onde param as modas, que se pode entender as últimas declarações de Carlos César o ainda Presidente do Governo Regional dos Açores na busca de notoriedade política a nível nacional.
Ao anunciar a sua não candidatura nas eleições de 2012, ao Governo Regional dos Açores, quis mostrar que não está apegado ao poder, e por outro lado ficar de mãos livres para os posicionamentos que melhor servirem os seus desígnios pessoais.
Além da “bicada” oportuna no seu vizinho da Madeira que na altura estava em campanha eleitoral.
Agora numa entrevista na Sic-Notícias, Carlos César afirmou entre outras coisas “ter uma apreciação crítica do mandato de Cavaco Silva, apesar de lhe reconhecer algumas "virtualidades" e não duvida que este é, entre todos os Presidentes da República eleitos desde o 25 de Abril, o Presidente mais partidário de sempre. Todos os outros Presidentes distinguiram-se claramente da sua origem partidária, e fizeram até muitas vezes questão de o evidenciar”
Carlos César considerou ainda que Cavaco Silva utilizou o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, e a declaração ao País sobre o seu veto, no Verão de 2008, para um "braço de ferro" com o então Governo de José Sócrates.
Claro que reduzir os poderes de um Presidente da Republica democraticamente eleito, no decorrer do seu mandato é um detalhe, não é verdade Carlos César?
Face ao que disse, verifica-se que é manifesta a falta de memória de Carlos César, por exemplo com o que foi a Presidência de Jorge Sampaio, o qual quando em oposição absoluta ao Governo de Durão Barroso e à política da Ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, declarou que “havia mais vida para além do défice”, frase assassina que desencadeou uma oposição feroz às políticas económicas de então as quais comparadas ao que posteriormente se seguiu eram “amêndoas”. Nem se recorda da forma como o mesmo Jorge Sampaio conduziu a situação interna do País quando da demissão de Durão Barroso para assumir a Presidência da EU, aceitando nomear Pedro Santana Lopes, sem eleições, a fim de dar tempo ao PS, que na altura tinha a sua Direcção sem rumo, a eleger um novo Secretário-geral, organizar-se e só então demitir Santana Lopes e marcar novas eleições?
Entende Carlos César que estas são atitudes que distanciaram da origem partidária quem assim procedeu?
E que dizer da sua completa ausência de memória do que foram as presidências abertas de Mário Soares, quando Cavaco Silva era Primeiro Ministro?
Recomendo-lhe a leitura de “O Presidente da Republica na génese do sistema de governo Português de Manuel Braga da Cruz, Análise Social, vol. XXIX: (analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223301924C0eCB7zr4Zj67VU4.pdf)
Autêntica magistratura paralela de contestação à politica do Governo, “as presidências abertas, iniciadas em Guimarães no Verão de 1986, logo repetidas em Beja, Guarda, Portalegre, Açores, Viseu, em que o Presidente reforçou a sua «magistratura de influência», ouvindo populações, dando força (por vezes partidária) a determinados sectores locais, aumentando sobretudo a sua popularidade.
As presidências abertas, no dizer de Mário Soares, destinavam-se a conviver «em profundidade com as populações», para «auscultar os seus sentimentos profundos. Para esse efeito, passou o Presidente da República a receber grupos e entidades que, não conseguindo fazer valer as suas pretensões junto do Governo, procuravam nele um advogado capaz de pressionar o mesmo governo. Por isso viria mesmo a ser acusado de indevidas ingerências nalgumas áreas do executivo, em vez de assumir o ónus do veto político”.
Distancia partidária, não é verdade Carlos César?
Não existem Presidentes de todos os portugueses, primeiro porque os Presidentes não se conseguem distinguir claramente da sua origem partidária, o que é desde logo realmente uma limitação, segundo porque para muitos portugueses o Presidente eleito não será nunca o seu Presidente.
Lembra-se de Ramalho Eanes que do Palácio de Belém apadrinhou a criação de um Partido Politico para nele se rever?
Começa mal, Carlos César, a sua caminhada como candidato a candidato a Presidente da Republica pelo PS.
Afirme-se pela positiva. Caso contrário nunca será o Presidente de alguns portugueses.
O veto político do Representante da Republica nos Açores ao orçamento da Região, que contempla a chamada "remuneração compensatória" deveria ter sido para o Presidente do Governo Regional um sério aviso, e uma oportunidade de ouro, para com dignidade recuar de uma decisão que é manifestamente infeliz.
Porém, como diz a voz popular "o maior cego é aquele que não quer ver", e Carlos César seguirá em frente não só confirmando o voto favorável ao orçamento na Assembleia Regional como, porque se sente confortável no protagonismo que esta história lhe tem trazido, vai alargar a "remuneração compensatória" aos funcionários das autarquias açorianas.
Um disparate nunca vem só.
Espera-se que o muro da inconstitucionalidade o detenha.
Caso contrário deixaremos de ser uma Republica das Bananas e passaremos a ser a Republica dos Ananases.
Post 182
Carlos César veio a público defender a decisão tomada no sentido de atribuir uma remuneração compensatória para os trabalhadores da administração pública regional que ganham entre 1.500 e 2.000 euros mensais, afirmando que o Executivo açoriano decidiu "cancelar uma obra num campo de futebol e apoiar um conjunto de trabalhadores e famílias".
Como a compensação atribuída corresponde a uma despesa de três milhões de euros, cerca 0,22 por cento do orçamento regional, abrangendo 3700 de um total de 18200 funcionários, convenhamos que a ser verdade o que disse, os Açores estão a nadar em dinheiro para poderem gastar três milhões de euros numa obra num campo de futebol.
Digamos que se trata de dinheiro fácil.
Realmente o que Carlos César deveria fazer, caso insista em levar por diante esta estrambólica ideia, era estar calado. Porque cada vez que fala o disparate aumenta.
É que se havia necessidade de ajudar alguém, não era com certeza quem ganha mensalmente entre 1500 e 2000 Euros, mais do dobro da média nacional, mas eventualmente aqueles que fazem com que os Açores "sejam uma região pobre no contexto nacional", segundo as suas palavras.
"Esperemos que o Tribunal Constitucional, se pronuncie se está de acordo com o princípio que se trata de matéria de autonomia regional", declarou José Sócrates, em manifesto desacordo com a decisão tomada. Valha-nos isso para a imagem do País não ficar ainda mais fragilizada.
Só mesmo Manuel Alegre poderia estar de acordo.
Mas vamos mais longe: Mesmo que a decisão tomada seja constitucional é imoral.
E com imoralidades não se deve pactuar.
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