Assisti em directo ao já "célebre" frente a frente na televisão entre Alfredo Barroso e Teresa Caeiro, e francamente não achei o que ali se passou nada de mais, face ao que já vi e ouvi na Assembleia da Republica: "Manso é a tua tia, pá" ou "se for preciso falamos lá fora"; bem como em algumas intervenções dignas de um País Centro Americano verificadas na Assembleia da Madeira ou a alguns discursos inflamados de Alberto João Jardim dirigidos por exemplo aos jornalistas, entre tantos outros exemplos que podia citar, alguns dos quais dirigidos ao próprio Presidente da Republica por personalidades de relevo e com responsabilidades políticas, jornalísticas ou outras.
Em resumo, exaltaram-se, trocaram uns mimos. E pouco mais.
Posteriormente li um artigo, redondo, sobre o assunto escrito por Mário Crespo, que havia "moderado" o referido frente a frente, publicado no Jornal Expresso, que não acrescentou nem retirou nada ao sucedido. Limitou-se a reavivá-lo.
Li agora o artigo de Alfredo Barroso igualmente no Jornal Expresso, em resposta ao artigo de Mário Crespo, o qual obviamente que também não acrescenta nem tira nada de novo a uma coisa que já por si não tinha acrescentado nem tirado nada de novo ao acontecido.
A curiosidade, para mim, neste artigo de Alfredo Barroso está no último parágrafo no qual cita uma história, passada com ele, que conheço em várias versões, algumas anedóticas, há mais de cinquenta anos.
Aqui fica a história do doutor/engenheiro, não a do frente a frente, porque esse não tem história:
"Quando morava no Restelo, comprava jornais num quiosque frente aos pastéis de Belém. O dono, homem simpático e malicioso, tratava-me por «senhor engenheiro». Um dia decidi esclarecê-lo. Ele saudou-me: «Bom dia, senhor engenheiro!». Eu pedi-lhe: «Trate-me só por senhor, ou então por doutor. Eu não ou engenheiro». Ele respondeu: «Fique descansado, senhor engenheiro»! E foi deste modo que não consegui resolver «uma das questões de fundo da nossa sociedade"…
É mesmo um caso sem solução aparente!
Post 382
Como não temos a presunção de que Pedro Passos Coelho tenha lido o Post que intitulamos "Receita para o Coelho" publicado no dia 18, onde expressamos algumas opiniões destinadas a ajudá-lo a ganhar o debate ontem realizado com José Sócrates, somos levados a concluir que aquilo que escrevemos era demasiado óbvio e portanto já toda a gente sabia.
Pertencemos ao numero daqueles que têm a convicção de que Passos Coelho ganhou o debate, mas à tangente, quando poderia ter goleado e terminado definitivamente com as expectativas que sobre ele recaem, se tem ou não as condições necessárias para passar à fase seguinte da competição.
E mantemos a opinião de que precisava ter ganho folgadamente o debate ontem realizado, para que tal venha a acontecer.
Era sabido que José Sócrates mensageiro de um programa vago e sem correspondência com a realidade do que está no Acordo celebrado entre o Governo e a chamada Troika, não tendo nenhuma mensagem nova nem mobilizadora para apresentar aos portugueses, e depois de se ter deixado enredar nas "dúvidas" sobre a baixa "significativa" das contribuições das empresas para a segurança social, não porque tenha de estudar o assunto, não porque não saiba o que tem de ser feito, porque sabe, e se não sabe o FMI ensina-lhe, mas porque não quer assumir a realidade do que terá de fazer se ganhar as eleições, não tinha outra alternativa que não fosse atacar o PSD, "que apresentou um Programa concreto, com o qual se pode discordar, mas que é conciso, aponta soluções e metas e tem por base a situação real do País, que goste-se ou não, está plasmada no Acordo acima referido", e por outro lado atacar pessoalmente Pedro Passos Coelho com um conjunto de "factos concretos" com o intuito de desacreditá-lo junto dos eleitores.
Mas foi um Sócrates gasto, nervoso, repetitivo, sem chama, sabendo uma coisa que muito o pode desgostar (e se calhar até fazer vir uma lágrimazita ao olho, como é agora a sua nova moda) mas que é a pura e dura realidade: Se o Partido Socialista não ganhar estas eleições é a si, José Sócrates, que tal se deve. Não será a derrota politica de um partido, será a derrota pessoal de um político, que se julga iluminado, e a derrota da sua sombra política, o ainda Ministro Pedro Silva Pereira.
Passos Coelho não tendo conseguido todos os objectivos, foi uma pena não ter lido o nosso Post, ganhou o debate e demonstrou que José Sócrates apesar da sua proverbial capacidade para o monólogo, não é o "animal feroz" invencivel em debates que tanto tem sido propalado, bem longe disso, até porque em matéria de credebilidade política estamos falados, não precisa de adversários para perder, derrota-se a si próprio.
É de lamentar que Pedro Passos Coelho tenha falhado o penalty decisivo da sua intervenção final ao não ter salientado claramente dois/três, dos muitos aspectos negativos da governação socialista, sobretudo nos últimos três anos, e que nos conduziram ao estado em que actualmente nos encontramos, para ter ganho folgadamente o debate.
Assim vai a prolongamento. Esperamos que não acabe o jogo com uma vitória moral.
Post 328
(E A QUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES)
O ainda PM referiu recentemente as que considera serem as medidas de sucesso dos seus seis anos de governação em matéria de educação, ciência e qualificação, apontando esta última como um factor importante para o reforço da competitividade da economia portuguesa, e tendo dado como exemplo o programa Novas Oportunidades que classificou como "uma tentativa séria e honesta de responder" ao problema de falta de qualificação no país, lembrando ainda que as Novas Oportunidades foram já objecto de uma avaliação por parte da Universidade Católica, criticando por isso aqueles que querem que seja feita uma Auditoria ao programa.
Como sempre José Sócrates, "baralhou e voltou a dar" bem sabendo que estava a falar de coisas diferentes. A referida avaliação, como aliás a própria UC já referiu, tem como objectivo apurar o grau de satisfação dos que frequentaram o programa Novas Oportunidades, e que como se pode calcular atinge taxas elevadas pois o mero cumprimento das cargas horárias estabelecidas, sem metas concretas nem avaliação final, é suficiente para os "frequentadores" conseguirem a obtenção de um grau académico que em muitos casos serve de base para o acesso à Universidade em confronto com alunos dos cursos regulares sujeitos a avaliação e exames.
Outra coisa é uma auditoria ao Programa, aos custos, aos objectivos e à execução. Porque há perguntas simples a fazer, para as quais é preciso obter respostas, que definem com clareza o facilitismo com que o Programa foi concebido e executado. Quantos pessoas frequentaram o Programa ? E quantas não obtiveram aproveitamento? Simples não é?
Não tenhamos dúvidas, o programa foi concebido e executado tendo em vista a melhoria das estatísticas e para servir de propaganda, matérias que José Sócrates muito aprecia, e de que muito beneficiou, com base num facilitismo exagerado que não qualifica nem ajuda na obtenção de competências.
Já o programa de Certificação de Conhecimentos se reveste de um aspecto diferente e francamente positivo. Dirigido para pessoas que abandonaram a escola com baixa escolaridade mas que ao longo da sua vida profissional aprenderam, obtiveram competências e especializações, em diferentes contextos e circunstâncias, o programa valoriza e reconhece essas competências adquiridas, atribuindo-lhe uma certificação que lhes permite por exemplo concorrer a lugares para os quais têm aptidão, mas que a falta de habilitações formais as impediam de conseguir.
Esta sim, uma medida importante com reflexo directo na vida das pessoas.
Post 327
(E AS NOVAS OPORTUNIDADES)
O PSD tem a enorme capacidade de dar tiros nos pés, falando fora de tempo sobre assuntos em que tem razão. Agora foi o caso da educação, com as Novas Oportunidades, em que uma avaliação rigorosa e independente de todo o processo é na verdade importante, mas não era o momento oportuno para colocar o tema em cima da mesa. Tal como o chumbo da avaliação dos professores numa votação "ao molho" efectuada numa das últimas sessões plenárias da Assembleia da Republica, o que se revelou uma atitude demagógica, para ser simpático, unicamente destinada a tentar captar votos numa área importante de eleitores: Os professores. Não era o tempo nem o modo certos para uma medida daquelas.
Lançadas durante o consulado Sócrates estas foram duas boas medidas na sua essência, mas cuja aplicação na prática se mostraram num caso desajustadas e noutro virada para as estatísticas e para a propaganda fácil, matéria em que o ainda PM é exímio. Digamos mesmo que em termos políticos é a única matéria (a propaganda) em que revela qualidades. Falemos hoje sobre a Avaliação dos Professores:
Trata-se de uma necessidade imperiosa. Tal como em qualquer outra actividade pública ou privada, não se concebe que alguém possa progredir numa carreira por inércia aproveitando o simples passar dos anos para ser promovido ou ganhar mais. Professores há que recusam qualquer forma de formação, reciclagem ou de adaptação à evolução tecnológica ou pedagógica. Não merece a pena abanar a cabeça, pois são inúmeros os casos concretos.
A grande crítica que deve ser feita ao modelo de Avaliação existente é a forma como são nomeados os Avaliadores. Deveria existir uma equipa de avaliadores independentes que com critérios uniformes avaliasse no País inteiro quem tinha de ser avaliado. Fazer acrescer à actividade normal de um professor uma nova área de actuação que uns por princípio (os que estão contra a avaliação) e outros tão simplesmente devido ao aumento da carga horária que tal implica, recusam liminarmente uma participação activa no processo, e ao ser-lhes objectivamente imposta essa tarefa via indeferimento dos requerimentos a pedir escusa, origina situações também de injustiça para os professores avaliados.
Escolas existem onde professores se avaliam mutuamente; onde existem avaliadores e avaliados, com vinte e mais anos de permanência na mesma escola com as cumplicidades que tal facto proporciona, o que leva a que a presença do relator (avaliador) em aulas assistidas seja nalguns casos uma mera formalidade, para a proposta de atribuição de "muito bom" ou "excelente", não sendo de excluir uma ou outra vingançazita por motivos políticos, pessoais etc.
No fim de contas somos todos portugueses, não é verdade ?
Ora era aí que o PSD devia fazer incidir a sua intervenção pedagógica e mostrar que a avaliação é indispensável; que não é uma grelha de avaliação, a qual pode ser sempre melhorada, a causa do problema; que não é uma "auto avaliação" que qualquer professor rigoroso exige aos seus alunos no final de cada trimestre que deve ser evocada como um aumento incomportável da carga de trabalho dos professores avaliados; partindo para a criação de uma equipa de Avaliadores multidisciplinar, competente, especializada, motivada e credível, dedicada exclusivamente a essa tarefa, com o que tornaria o modelo de avaliação capaz de ser potencialmente aceite por todos.
Aproveite-se o que de bom já foi feito na matéria, apesar do erros iniciais existe muito trabalho bom efectuado, e corrija-se o que pode ser melhorado.
Para bem de todos: Professores, Alunos e do País em geral.
AS NOVAS OPORTUNIDADES ... (Post 327)
Post 326
Está a chegar ao fim a fase da pré-campanha eleitoral, e consequentemente os debates entre os candidatos dos partidos actualmente com assento na Assembleia da Republica.
Sem nos determos sobre aqueles que já foram efectuados, os quais globalmente tiveram aspectos positivos, queremos sobretudo deixar aqui, atempadamente, uma mensagem para o ultimo debate a realizar-se na próxima sexta feira entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho.
O Partido Socialista apresentou-se a estas eleições com um conjunto de ideias gerais, sem correspondência com a realidade vivida pelo País, as quais poderiam ter servido para as eleições de 2005 ou 2009, mas que face à situação actual valem muito pouco, e estou a ser simpático, apostando tudo na capacidade que se reconhece ao seu líder para "vender" meia duzia de ideias feitas, "marteladas" sistematicamente, que continuam a fazer mossa nos adversários.
Nas hostes socialistas, chegados a este ponto "do campeonato" sem que tenham existido rombos de maior no porta-aviões, o seu Secretário Geral, tendo conseguido o inacreditável êxito de desacreditar os Partidos que não tinham apresentado o respectivo programa eleitoral antes dos debates, como se o próprio tivesse alguma consistência, e por outro lado atacando violentamente o único partido, o PSD, que apresentou um Programa concreto, com o qual se pode discordar, mas que é conciso, aponta soluções e metas e tem por base a situação real do País, que goste-se ou não, está plasmada no Acordo celebrado entre o Governo e a chamada Troika, a sensação é de vitória.
Ora Pedro Passos Coelho ainda dispõe, neste momento, de 20 minutos para ganhar estas eleições. É o seu tempo no próximo debate de sexta feira. E isto porque se não ganhar folgadamente o debate, as eleições estão perdidas.
O que terá então de fazer para conseguir esse desiderato? Não é simples, mas não é de todo impossível. Desde logo eleger quatro/cinco pontos fortes do seu programa eleitoral, que os tem, para fazer renascer alguma esperança aos eleitores desesperados e repeti-los à saciedade. Ignorar o seu contendor, José Sócrates, que vai necessariamente provocá-lo com um conjunto de "factos concretos" para o desacreditar à vista dos eleitores, não respondendo nunca a nenhuma dessas provocações, deixando José Sócrates falar sozinho.
Não interromper em nenhuma circunstância José Sócrates e não deixar que este o interrompa. Caso José Sócrates insista, e vai fazê-lo de certeza, pura e simplesmente deve calar-se, esperar que o moderador lhe devolva a palavra e continuar a expor as suas ideias ignorando em absoluto o que o adversário tenha dito.
Nas respostas às questões colocadas pelo moderador deve ser correcto e concreto, mas sem se deixar desviar dos pontos que elegeu para apresentar soluções para o País.
Deve resistir, durante as suas intervenções a qualquer referência negativa quer ao PS, quer a José Sócrates e às suas politicas e erros passados, utilizando esses vinte minutos exclusivamente para fazer renascer a esperança do Povo português ao apresentar os pontos positivos do seu programa eleitoral.
E no minuto final disponha então de 30 segundos para salientar dois/três, dos muitos, aspectos da governação socialista que nos conduziram ao estado em que actualmente nos encontramos, e os outros 30 segundos para desejar boa sorte ao candidato José Sócrates na sua vida pessoal depois de perdidas as eleições.
A receita está dada. Agora é consigo "cozinhar" o seu adversário. Se o não fizer pode-se discutir como vamos comer o Coelho. À caçador, estufado, guisado, com arroz, na brasa, como quisermos.
Mas quem está frito é Portugal.
Post 325
No debate de hoje na TVI defrontaram-se, em nossa opinião, os prováveis parceiros do novo Governo a sair das eleições legislativas a realizar no próximo dia 5 de Junho.
Com efeito cruzando a nova posição assumida pelo PSD de não querer governar em conjunto com o PS e os resultados que têm vindo a ser divulgados das sondagens efectuadas até agora, em que a conquista de uma maioria absoluta por parte de qualquer partido parece estar completamente fora de causa, e uma maioria PSD em conjunto com o CDS também não é liquida, parece ser esta a única solução alternativa para que o País não entre em roda livre.
Antecipando esse cenário José Sócrates e Paulo Portas conduziram um debate sem confrontações de maior, com uma troca de galhardetes que permitiu não fechar nenhuma porta e onde na verdade tudo cabe, apenas tendo faltado a declaração formal de que assinarão um Acordo de Governação.
Não vem mal ao mundo se tal acontecer. É sempre preferível este cenário, a que o PS governe sozinho. Para disparates já basta o que basta.
Assim sempre haverá a possibilidade de controlar os ímpetos megalómanos e despesistas de José Sócrates, e no tempo que um Governo desses durar o PSD poderá aproveitar para fazer a sua enésima travessia do deserto e encontrar finalmente o seu D.Sebastião. Alguém com credibilidade suficiente junto do eleitorado, e que possa de forma duradoira ajudar a transformar Portugal.
Ou em alternativa permitir o aparecimento na cena política portuguesa de um novo Partido com uma politica mobilizadora de todos os portugueses, que permita encarar o futuro com a esperança de sermos felizes.
Porque até isso a actual classe politica tirou aos portugueses.
Post 321