... NO DIA 1 DE OUTUBRO DE 2011, PELAS 13,37, PUBLIQUEI ESTE POST, EM RESPOSTA AO QUAL RECEBI ALGUNS MAIL "DE CUMPRIMENTOS".
AGORA É FACIL ESTAR CONTRA, FAZER REUNIÕES AO MAIS ALTO NÍVEL E PROIBIR.
Na última quinta feira pelas 9 horas da manhã a Av.do Parque das Nações entre o rio e a zona dos restaurantes apresentava o aspecto que a fotografia documenta.
Era o rescaldo de uma das noites de Praxes Académicas.
Sem quaisquer juizos de valor, apenas a constatação.
Declaração de Interesses: Tenho alguma aversão intrínseca às praxes.
Ano após ano as praxes académicas, durante as quais são sempre assinalados inúmeros casos de violência física e psicológica sobre os caloiros, incluindo abusos sexuais, tal como as andorinhas na Primavera, estão de volta a partir de meados de Setembro.
As praxes académicas que são um resquício do que foi a jurisdição especial do “foro académico”, na época distinto da “lei civil”, deveriam ser por definição um conjunto de práticas salutares destinadas a contribuir para uma melhor adaptação e integração dos novos alunos que ingressam no ensino superior e portanto muito úteis.
Sucede que quando estas práticas são mal interpretadas ou mal exercidas, tendem a criar a ilusão de um poder, ainda que efémero, sem controlo, que provoca vertigens tornando as praxes académicas um tema controverso sem que a sociedade em geral se interrogue, como devia, sobre a violência desnecessária e gratuita praticada ao abrigo das mesmas.
Os seus defensores sustentam que as praxes académicas facilitam o relacionamento entre os caloiros e os veteranos, que os podem ajudar ao longo da sua vida académica.
Porém o que se verifica na prática é que alguns veteranos, sobretudo os mais novos entre estes, se transformam em pequenos tiranetes por vezes devido aos espíritos toldados por excessos de consumos, infligindo (é o termo), sem controlo, verdadeiras torturas que se aproximam em muito da coação física, mental e psicológica das vítimas, os caloiros.
Quando entram em roda livre, normalmente acabam mal.
Em Abril deste ano foram suspensas as praxes em Coimbra, por decisão do Conselho de Veteranos, depois de duas caloiras se terem queixado de atropelos às normas e de terem sido atingidas por veteranos na cara e na cabeça.
Já neste novo ano lectivo foram suspensas as praxes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja (ESTIG), que integra o Politécnico desta cidade.
Num comunicado divulgado pelo curso de Gestão de Empresas da ESTIG, lê-se que "a colega não executou qualquer tipo de esforço físico ou foi sujeita à prática de qualquer praxe psicológica", o que por si só representa a assunçao de que tais práticas são habituais.
Outras praxes traduzem-se em manifestações gratuitas e atitudes no mínimo ridículas. Quem, por exemplo, atravessar com alguma regularidade os jardins que circundam o campus da Cidade Universitária em Lisboa, nomeadamente em frente da Faculdade de Ciências, pode assistir durante praticamente todo o ano lectivo ao degradante espetáculo público oferecido, em que sobretudo as caloiras são vitimas de constantes provocações de cariz de sexual estimulando o seu espírito de represália para com as sua futuras vítimas, os próximos caloiros.
As horas gastas por esse país fora, por dezenas e dezenas de jovens, na flor da idade, “doutores” e caloiros, se fossem utilizadas em atos de solidariedade para com a sociedade, por exemplo a prestar ajuda a Instituições de Apoio a Doentes e Pessoas Carentes e outras similares, aprofundaria os laços solidariedade entre diferentes gerações e entre a sociedade civil e a academia e ajudaria a uma integração saudável dos novos estudantes.
Felizmente já existem casos merecedores dos maiores encómios, dentro desta linha de actuação, de que realço dois, dos quais tive conhecimento através da imprensa:
Numa iniciativa da Associação de Estudantes do alunos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, cerca de 400 caloiros e outros tantos “veteranos” encheram-se de brio e munidos de rolos, trinchas e 1500 litros de tinta apagaram ‘graffitis’ e taparam fendas que enchiam a capela, a escola primária, os balneários e o centro de saúde, vizinhos do seu estabelecimento de ensino superior, no bairro da Ajuda, em Lisboa.
“As praxes estavam a tornar-se demasiado iguais, se calhar demasiado violentas”, justificou o presidente da Associação de Estudantes do ISCSP.
E um caloira realçou o "dois em um da iniciativa, que a dispensa de praxes mais constrangedoras, pois para além de estarem a ser praxados, estavam a ajudar a comunidade".
Noutra iniciativa, desta vez da Faculdade de Direito da Universidade Católica (Lisboa) os caloiros embalaram cerca de 1500 Kits de material escolar, recebidos pela Instituição Entrajuda, para distribuir por crianças carenciadas.
Em resumo:
HÁ PRAXES QUE SÃO FIXES. HÁ PRAXES QUE SÃO UMA VERGONHA!
O Presidente da Republica cancelou em cima da hora uma visita à Escola António Arroio, quando dezenas de alunos e encarregados de educação estavam pelo menos desde as 10:00 concentrados em frente ao portão da escola à sua espera.
Uma fonte da Presidência da República informou que o cancelamento da visita "deve-se a um impedimento que impossibilitou a sua realização", “pelo que a visita iria realizar-se apenas com a presença do secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida”.
Trata-se de um facto inusitado a precisar de uma explicação muito clara para que não subsista qualquer dúvida acerca da ausência do Presidente da Republica, e o que isso pode representar para a segurança das pessoas em geral. Duas perguntas se colocam:
Não foi porque a sua segurança estava em causa?
Não foi porque não quis estar sujeito aos apupos de umas dezenas de alunos e de encarregados de educação que protestavam, eventualmente com razão?
Escudar-se num simples “impedimento” é pouco, porque deixa a dúvida metódica: Se o Presidente da Republica já não vai a determinado lugar porque não é seguro, o que dirá o comum dos cidadãos.
Como disse em entrevista à televisão o senhor secretário do Estado há com certeza uma razão muito forte a justificar a ausência.
É legitimo então perguntar qual é essa razão muito forte, e é legitimo esperar por uma resposta credível mais não seja por uma comunicação no Facebook, como começamos a estar habituados.
Post 454
Não pertencemos ao número dos que em conversa com amigos afirmam categoricamente nunca ter visto um episódio de uma qualquer telenovela, um Realty Show, ou mesmo uma sessão sequer de um concursozito, mas que no decorrer da mesma conversa, deixam cair uma opinião, um comentário, ou pelo menos uma referência aos mesmos, sempre escudados no "vi por acaso, quando estava a fazer zapping”, “contaram-me” ou “a minha mulher comentou comigo”.
Pertencemos sim ao grupo daqueles que sabem que os aparelhos de televisão, ou os seus comandos, têm dois botões básicos, ou apenas um com as duas funções, ON/OFF.
Quando o ON não me agrada carrego no OFF e sigo em frente para outros entretimentos. Escrever, Ler, ou simplesmente “mandriar”, que é como quem diz olhar pela janela e imaginar coisas que não lembram nem ao diabo
Vem este arrazoado a propósito do programa “Casa dos Segredos” transmitido no passado Domingo, do qual vimos uma parte substancial.
Temos de Teresa Guilherme, a apresentadora do programa, a opinião de que se trata de uma pessoa equilibrada, culta, sensível, talhada para um programa daqueles, até pela forma alegre e brejeira que imprime ao programa, o que está no espírito do mesmo, e por uma característica muito própria:
- “Fala” com as mãos. (e com os olhos).
No entanto no passado Domingo Teresa Guilherme prestou um mau serviço na salvaguarda da dignidade das pessoas. Sabe-se que quem aceita participar num programa com aquelas características está disposto a "despir-se" perante os telespectadores. E a nudez física é a que menos conta. Despem-se intelectualmente, moralmente e até psicologicamente.
No entanto ter cilindrado, até à exaustão, uma concorrente cujos limites dos seus conhecimentos de geografia não ultrapassam os contornos da sua própria terra natal foi desumano.
Não a terá humilhado porque a “inocência” da concorrente só é ultrapassada pela sua ignorância, e está disposta a sujeitar-se a tudo, mesmo tudo, para continuar a ter o protagonismo que a torne no ícone da Sociedade de Recreio da sua terra, e a estar por perto do "seu" Marco.
Aquele não é um programa destinado a revelar a cultura geral dos concorrentes, a sê-lo aquela concorrente não se teria atrevido a participar, digo eu. É tão só um programa de fait-divers, uma mostra de frivolidades, culturismo e de passagem de modelos, quanto mais despidos melhor.
A Teresa Guilherme competia-lhe não “desconstruir” uma concorrente daquela forma. Não a dignifica. À Teresa Guilherme, não à concorrente.
Post 406
Na última quinta feira pelas 9 horas da manhã a Av.do Parque das Nações entre o rio e a zona dos restaurantes apresentava o aspecto que a fotografia documenta.
Era o rescaldo de uma das noites de Praxes Académicas.
Sem quaisquer juizos de valor, apenas a constatação.
Post 394
Como habitualmente sucede por esta época com a publicação dos resultados dos exames do 9º e 12º Anos de escolaridade, instala-se na comunidade escolar, mais que na opinião púbica, alguma controvérsia acerca da qualidade desses mesmos resultados.
Ora os "maus" resultados deste ano NÃO podem ser comparados com os resultados verificados no período áureo de demagogia sobre esta matéria, vivido no consulado do ex Primeiro-ministro, por uma de duas razões a saber:
1 – Ou os exames na altura apresentavam o grau de exigência do deste ano e os resultados não seriam com toda a certeza os que foram então apresentados, com enorme espalhafato, como o corolário lógico das ditas correctas políticas de educação traçadas;
2 - Ou este ano os exames tinham a complexidade dos anteriores, em que havia perguntas consideradas, benevolentemente, por especialistas como "demasiado evidentes" e nesse caso agora os resultados seriam em tudo idênticos aos então verificados.
Verdade seja dita que os exames deste ano foram ainda elaborados durante a vigência do anterior Governo, mas os responsáveis, que estavam sob escrutínio, entenderam por bem colocar a fasquia de exigência um pouco mais elevada, conforme aliás foi ontem revelado pelo Director do Gabinete de Avaliação Educacional (GAVE) o qual confirmou que os resultados das provas de exame do 3.º ciclo do ensino básico de Português e de Matemática “reflectem o ajustamento do nível de exigência, concretizado numa acrescida complexidade de alguns dos itens e na continuação da procura de um maior rigor na definição e também na aplicação dos critérios de classificação”, tendo igualmente recordado ser esta tendência patente já nos resultados de 2010 que, no caso da disciplina de Matemática, apresentaram uma quebra de sete pontos percentuais no valor médio em relação a 2009 (57%, em 2009, e 50%, em 2010).
O caminho agora traçado, que se entende como o mais correcto, deve ser prosseguido e aprofundado, para que quem estuda quando chegar ao final de um importante ciclo da sua vida se encontre munido de conhecimentos e competências minimamente adequadas a um futuro desempenho profissional, cada mais exigente e que está cada vez menos disponível.
Para que os resultados obtidos sejam cada vez melhores, qualitativa e quantitativamente, sobram outros importantes problemas a necessitar de solução urgente, tais como a melhoria global da qualidade do ensino, uma correcta avaliação dos professores, a adequação das cargas horárias à complexidade e importância das matérias dadas, a disciplina nas escolas, dentro e fora da sala de aulas, entre outras.
Não é pois fácil a tarefa que espera Nuno Crato, tal como não é fácil a tarefa de nenhum dos Ministros do actual Governo.
Compete-lhes devolver a esperança a Portugal.
É o mínimo que se lhes exige.
Post 369
* Adaptação da frase "nós pega o peixe" constante do Manual de Língua Portuguesa " Por Uma Vida Melhor" distribuído pelo Ministério da Educação do Brasil a cerca de 500.000 estudantes do ensino médio.
O Acordo Ortográfico no seu melhor.
Post 343
Em traços largos eis o relato de um filme real de uma atividade incluída nas praxes académicas, acontecida num domingo de sol abrasador, por quem viu ao vivo e em direto:
Chegados ao local escolhido, com os caloiros a entoar cânticos de humilhação, enquadrados pelos veteranos, os caloiros eram separados e de os olhos vendados afastados individualmente do grupo para serem sujeitos a interrogatório, por um ou mais veteranos.
Ao fim de algum tempo eram trazidos de volta e o veterano indicava à assembleia se era merecida uma punição ou uma salva de palmas.
Peço desculpa por as movimentações de olhos vendados, os interrogatórios e as punições, me terem feito lembrar Guantanamo.
Post 330
Declaração de Interesses: Tenho alguma aversão intrínseca às praxes.
E a razão fundamental dessa aversão prende-se com a primeira praxe a que fui sujeito.
Era hábito nos idos de sessenta do século passado, nas oficinas e nas obras, serem os aprendizes, putos com 12/13 anos, quando não menos, sujeitos a umas “partidas” ou uns “apertos” por parte dos mais velhos quando se apresentavam para o seu primeiro dia de trabalho.
Ora a minha primeira praxe teve lugar na oficina de reparação de electrodomésticos e de máquinas de escrever, nomeadamente as chamadas portáteis, que na altura começavam a aparecer.
Tendo-me apresentado ao serviço, o Encarregado, depois de me medir de alto a baixo, disse-me com ar grave:
- Vês o tabuleiro que está em cima daquela bancada? Ao lado está um garrafão de gasóleo e desperdício. Pois bem vais lavar as fitas usadas das máquinas de escrever que estão lá dentro.
Quero aquilo bem lavado, para depois poderem ser recarregadas, ouviste?
Ouvi sim senhor, respondi e lá fui, cabisbaixo e nervoso mas atirei-me à tarefa com afinco, pois as recomendações em casa tinham sido claras:
"Porta-te bem e faz o que te mandarem, para não arranjares chatices".
No decorrer da manhã pareceram-me algo estranhos alguns cochichos entre os mais velhos, alguns olhares cúmplices e alguns sorrisos maliciosos, mas continuei, firme, em frente.
Quando tocou para o almoço, com o Encarregado à frente a comunidade veio observar o trabalho efectuado.
As fitas tinham mudado de cor, deixando ser pretas e vermelhas, para passarem a um castanho terroso, igual ao que me pintava a cara, o cabelo e a roupa.
Depois de umas sonoras gargalhadas, e de umas frases elogiosas como “és um puto porreiro; se te portares sempre assim vais longe”, foi-me explicada o porquê (já era assim quando viemos para cá, diziam os mais velhos) daquelas brincadeiras e deram a praxe por encerrada.
Também me ri e ainda me lembro hoje da cara assustada da minha mãe quando ao fim do dia cheguei a casa.
Quando lhe expliquei o sucedido, pareceu-me ouvir num ligeiro sussurro: “malandros”.
Volto ao início:Tenho alguma aversão intrínseca às praxes.