Acrescentaria que por vezes, a palavra, tem o efeito perverso de ser mais demolidora para quem a profere do que para o destinatário.
Temos assistido nos últimos tempos a um crescendo de intensidade na forma como os agentes políticos e alguns comentadores se referem aos membros do Governo, embora habituados, desde sempre, que os partidos mais pequenos utilizem uma linguagem, com pouca contenção (estou a ser moderado) para exprimirem os seus estados de alma.
Porém quando os oradores têm, por si só, alguma representatividade ou pertencem a um partido político democrático, as coisas apresentam uma maior gravidade.
Carvalho da Silva na ânsia de tornar notado o lançamento da sua candidatura à presidência da República, tem vindo a exceder-se nesse tipo de linguagem, e a sua recente afirmação de que o Orçamento do Estado para 2013 roça o "banditismo político", roça por sua vez os limites da tolerância democrática que de forma tão activa diz defender.
Já o Deputado do PS que afirmou no Parlamento que o País não "tem disponibilidade para discursos salazarentos", invocando a "bête noire" de uma esquerda diletante, não merece grandes comentários dada a pouca dimensão política de quem proferiu tal afirmação.
Apenas merecerá um pequeno exercício mental que podemos denominar de "Suponhamos".
Suponhamos, por exemplo que o ainda Ministro Miguel Relvas afirmava no Parlamento que o senhor Deputado não passava do boneco que o ventríloquo ausente, algures a melhorar a cultura, utilizava para se fazer ouvir". O que aconteceria?
Caía o "Carmo e Trindade" e choviam os pedidos da sua saída do governo e a respetiva de remodelação, a qual, concordo, já deveria ter sido feita por outros motivos.
Conclusão: Também existem Deputados que precisam de ser remodelados.
E com urgência.
As casas de jogos estão a receber apostas sobre as exigências que o CDS fará para aceitar apoiar o OE/2013.
O palpite mais frequente tem sido:
A atribuição pela coligação de mais um ministro; três secretários de estado e dois presidentes de câmara.
Queremos "correr" com o Vitor Gaspar do governo é até agora o segundo palpite mais frequente.
E você? Qual é o seu palpite?
Jogue já antes que a mercearia feche e o novo OE lhe leve 20% do prémio.
Olhe que quem o avisa seu amigo é.
Tendo sido informado pela AT “Autoridade Tributária e Aduaneira” que para minha comodidade tinha sido disponibilizado um serviço destinado a simplificar o cumprimento das minhas obrigações fiscais, de modo a tornar mais rápida a apreciação dos meus pedidos de socorro e o reconhecimento dos meus direitos, que como é sabido estão reduzidos a zero, venho por este meio tornar público o meu contacto.
“Zé Povinho”
Poucas vezes um Primeiro-ministro, em sérias dificuldades com a política implementada, e os erros de casting cometidos, terá encontrado um alinhamento das estrelas, dos astros, e sabe-se lá de quê mais, tão favorável.
Senão vejamos. O governo escolhido por Pedro Passos Coelho teve na sua génese dois pescados capitais, cada um deles, por si só, capaz de mandar para o inferno as suas melhores intenções, e em conjunto tornando inevitável tal caminho.
Os pecados capitais foram. Em primeiro lugar o número de Ministérios escolhido, criando verdadeiros elefantes, onde se exigiam felinos ágeis, para lutar contra as manadas de fugidias gazelas, (há quem lhe chame velhas raposas, e até nomes bem piores) sempre em busca das melhores pastagens: e em segundo lugar a escolha de Miguel Relvas para Ministro, e logo com a coordenação política do Governo. Por si só cada decisão partia as porcelanas expostas na Loja, em conjunto estão prestes a destruir a Loja (leia-se governo).
O primeiro caso, foi uma teimosia do Primeiro-ministro, face a uma promessa da campanha eleitoral, que se sabia desde o início iria causar sérias dificuldades de funcionamento. Era um sinal de contenção (tal como as viagens de avião em classe turística, que afinal são uma borla da TAP).
Em ambos os casos trata-se de medidas para palerma (eleitor) ver.
Já a nomeação de Miguel Relvas era mais difícil de evitar, pois era difícil a Pedro Passos Coelho descartar-se de quem durante 5 ou 6 anos esteve solidariamente a seu lado, parte dos quais sozinho ou quase antes da ascensão política do futuro Primeiro-ministro ganhar fôlego.
Miguel Relvas foi o seu mentor (a par do Engº. Ângelo Correia), o apoio constante, o conselheiro, o porta-voz, e se calhar o seu motorista.
Era incontornável pois a sua nomeação, em prova de reconhecimento pessoal, mas mostrando que não conhece o Princípio de Peter.
Se calhar não vinha dessa nomeação mal ao mundo se Miguel Relvas tivesse outro perfil. Mas cada um é como Deus o fez.
No entanto devido ao tal alinhamento das estrelas, ou seja com a decisão do Tribunal de Contas, que lhe abriu as portas (não confundir com o MNE) a todas as decisões impopulares que seja necessário tomar sobre cortes ou aumento de impostos, que ficam por conta do TC, e com a mais absoluta fragilização política de Miguel Relvas, que por uma questão de bom senso e até de solidariedade para com quem o nomeou, se deveria demitir, Pedro Passos Coelho, está absolutamente à vontade para remodelar o governo e lançar um conjunto de medidas visando a melhoria, progressiva, das condições de vida dos portugueses.
Aqui fica, resumidamente um conjunto de sugestões, quem sou eu para dar conselhos, que o ajudariam a criar um clima mais desanuviado na sociedade portuguesa:
- Vá uns dias de férias (8, não mais que a vida no Algarve está cara);
- Fale com o parceiro de coligação;
- Promova um ou dois secretários de estado a ministro, com a criação de novos Ministérios, eliminando assim algumas das incongruências existentes.
- Substitua Miguel Relvas por um ministro competente, rigoroso e credível;
- Avance com um discurso mobilizador.
Verá que o País agradece e dará um passo em frente para ultrapassar esta maldada crise.
No fim não se esqueça de ira a Fátima (não precisa de ir a pé, pois tem mais que fazer) agradecer o alinhamento das estrelas e dos astros.
Os mais crentes dirão que foi a intervenção da Nossa Senhora.
Boas Férias
Post 495
Lemos ontem no Correio da Manhã uma notícia que nos deixou alarmados com a falta de respeito que revela, para quem com esforço, risco e dedicação, anda a ganhar a vida honestamente a assaltar Lojas de Compra e Venda de Ouro, para poder pagar impostos, outra actividade imoral dada a dimensão dos mesmos.
Não querendo correr o risco do nosso saudoso Raul Solnado, quando numa rábula, acerca das Casas de Penhor, apresentada num programa do ZIP-ZIP utilizou a determinada altura o provérbio popular: “Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão”, e foi processado pela respectiva Associação do Sector, processo cujo desfecho confesso não me recordar, quero deixar bem vincada a opinião que não me parece correcto que o assaltante tenha sido despachado com um saco de ouro falso, e uns trocos que pouco mais davam do que para um café, e que não chegavam nem para pagar a coima pela substituição da declaração do IRS, quanto mais o imposto.
A notícia diz mais ou menos, o seguinte: “… um único homem, armado com uma faca, surpreendeu e sequestrou durante poucos minutos uma funcionária e uma cliente do espaço. Fugiu com cerca de 360 euros em dinheiro e um saco com ouro falso”
Sendo assim, parece que esta coisa do ouro falso deveria ser muito bem explicadinha e de qualquer das formas, se o homem acabar preso, têm de lhe apresentar as respectivas desculpas, com o compromisso solene que tal não se voltará a repetir.
Não anda uma pessoa a trabalhar no duro, correr riscos desnecessários e acabar enganado com um saco de ouro falso. Não se faz a um inimigo, quanto mais a um ladrão.
Porque é preciso saber: De quem era o ouro falso? Da Cliente, e com isso ia ver se sacava algum à Loja? Da Loja que tem ouro falso para entregar assim sem mais nem menos, ao primeiro que ali aparece a trabalhar?
Qualquer dia anda um homem a assaltar bancos e vai-se a ver, entregam-lhe um saco de notas falsas, que dadas as circunstâncias não podem ser validadas na maquineta que para o efeito as Agências dos ditos dispõem, por manifesta falta de tempo.
Não basta pintarem de vermelho as notas das Caixas Multibanco, quando há um explosãozinha sem importância, ou quando enfiam uma retroescavadora para sacar a mesma e agora assiste-se, também, a estas poucas vergonhas.
Alguém tem de lutar, em nome da liberdade e da democracia, contra estes atropelos, a que estão sujeitos quem quer desenvolver uma actividade produtiva, pelo que segundo a Associação do sector vai ser apresentada uma queixa à PGR, pedidas audiências aos partidos políticos com assento na AR, ao PM ao PR, e está prevista uma manifestação na Avenida da Liberdade para a protestar contra a falta de garantias dos direitos e liberdade de cada um, cuja palavra de ordem ainda está a ser trabalhada, mas deve andar à volta do slogan:
“VÃO ENGANAR A VOSSA TIA”
sendo expectável que a palavra TIA no calor da manifestação possa ser adequada a outros familiares, realidades e respectivas profissões.
Este texto, sem graça, não é para ser levado a sério. Por agora.
Post 483
Pertenço ao número (provavelmente pequeno) daqueles que pedem sistematicamente a Factura relativa às compras que faço e naturalmente as relativas à restauração. Primeiro porque na maioria das vezes preciso delas para apresentação de contas e nas restantes por princípio.
Alertado para o facto de neste ramo de actividade se estar a tornar epidémica a ausência de Factura, resolvi durante um período de tempo não solicitar a sua entrega, ficando na expectativa da prática seguida pelos estabelecimentos frequentados afim de ter uma ideia do fenómeno.
Durante o período em análise, almocei quatro vezes, jantei duas, lanchei uma meia dúzia de vezes e bebi em média quatro cafés por dia em estabelecimentos públicos de restauração. A percentagem de Facturas não emitidas foi de 60% (Sessenta por cento). Os estabelecimentos foram os mais variados, e os locais idem. Restaurante de razoável categoria na Linha do Estoril, Restaurante na zona Oeste, Bar de Universidade em Lisboa, Pizzaria em Lisboa.
Esquecendo os casos, sobretudo nos cafés, em que colocaram o dinheiro na caixa registadora sem emitir qualquer documento, recebi como contrapartida dos pagamentos efectuados documentos com os mais variados títulos: "Consulta de Mesa", "Talão", "Nota", "Encomenda", os quais tinham em comum três informações bem claras:
IVA INCLUÍDO
ESTE DOCUMENTO NÃO SERVE DE FACTURA
PROCESSADO POR PROGRAMA CERTIFICADO Nº. XXX/DGCI
Assisti também, num estabelecimento de restauração a uma cena caricata, em que paga a "Consulta de Mesa" em numerário foi pelo Cliente pedida a respectiva Factura, tendo-lhe sido apresentada uma de valor semelhante, e até ligeiramente superior, com data do dia anterior.
Apresentada a reclamação, e tendo sido sugerido que eventualmente teria havido lapso, o empregado explicou com um sorriso que não, não se tratava de engano. Fora um Cliente do dia anterior que pagara com "cartão", e portanto teve de se emitir factura mas que não levara a mesma, o que no caso só favorecia o actual Cliente que ficaria com um documento de valor superior.
Explicado que tal situação não era possível, dado que era necessário um documento com a data certa, o empregado perdeu o sorriso, e comentou a caminho do balcão, algo como: "Preferem dar dinheiro ao Estado do que a quem trabalha".
Estes exemplos são suficientes para caracterizar uma situação de toda injusta a todos os níveis. Primeiro porque o Estado ao não arrecadar os impostos em vigor prejudica os contribuintes que realmente pagam impostos, que ficam sujeitos a taxas mais elevadas para colmatar os impostos que não são cobrados. Depois prejudica os concorrentes que cumprem a lei, (e foram-me entregues várias Facturas, sem as ter sido solicitada), e ainda mais gravoso, alguém fica indevidamente com o dinheiro que não lhe pertence.
Tal comportamento tem outras implicações a nível de deduções ao IVA entregue, IRC etc. que não cabe esmiuçar neste pequeno comentário, mas que beneficiam o infractor.
O que realmente vale a pena perguntar é: Vai o Estado continuar a aceitar que o consumidor em geral entregue diariamente valores significativos que lhe eram destinados e que ficam pelo caminho, a coberto de programas informáticos que o próprio Estado certifica?
Será que um estabelecimento de restauração que não tem viabilidade, e só se mantém em actividade porque fica com o dinheiro do IVA que lhe é entregue pelos Clientes e cujo destinatário deveria ser o Estado, deverá manter-se em funcionamento?
Então e as empresas que por alterações bruscas do seu ramo de actividade e do mercado de capitais foram forçadas a encerrar às dezenas, com o arrastamento inevitável das empresas que estavam a montante dessa mesma actividade, não deveriam ter sido subsidiadas de igual forma?
Cada um defenderá aquilo que lhe pareça mais justo, mas pagar a mais 23% destinados ao Estado, que revertem a favor do estabelecimento não é razoável.
Digam o que disserem.
Digo eu que pago impostos.
Post 446
Ficamos agora a saber que o corte de subsídios dos funcionários públicos e pensionistas vai atingir menos pessoas, pois ficam de fora os salários até 600 euros em vez dos 485 previstos na proposta de Orçamento, e quanto ao corte total de subsídios, o montante a partir do qual é aplicado passa de 1000 para 1100 euros por mês.
Á partida trata-se de uma boa notícia. E é certamente uma boa notícia para quem é beneficiado com a mesma. Pena é que não tenham sido mais elevados os plafonds a partir dos quais se dão os cortes parciais e totais.
Mas analisado exclusivamente á luz da política, é uma má noticia, pois trata-se de uma medida demagógica que merece ser condenada. E porquê?
Porque não se brinca com as dificuldades de quem sobrevive com 500 Euros mensais, sejam reformados ou trabalhadores no activo. Não deve ser acrescentada angustia, a quem já vive mais do que angustiado, se não é necessário impor aquilo que de forma veemente se faz crer que não tem alternativa.
E agora vêem-nos dizer que afinal não era preciso ir tão longe, o que coloca de imediato duas questões: Não se poderá realmente subir ainda um pouco mais a fasquia a partir da qual se perde subsídio? E quanto? e em caso negativo: Porque não?
Será que a oposição tem razão e o orçamento esconde almofadas para serem mais tarde utilizadas ao sabor das conveniências políticas do momento?
Temos a opinião de que o Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho, ao contrário de outros, é uma pessoa séria, mas fica muito mal nesta fotografia, desnecessariamente. Temos a opinião de que Vítor Gaspar é um Ministro das Finanças competente, aliás tal como o anterior Ministro das Finanças, cujo pecadilho maior foi ter pactuado tempo de mais com uma política demagógica que fazia da promessa a moeda de troca para se manterem no poder.
No entanto neste caso concreto Vítor Gaspar esteve francamente mal, e das duas uma: Ou errou nas contas e afinal não é tão competente quanto isso, ou cedeu à demagogia para calar a voz dos que se opuseram à medida inicial e perde a credibilidade, que no seu lugar e neste momento concreto tanto necessita, para impor um política de austeridade e de rigor como há muito nenhum de nós tinha sentido.
Não ganhou nada com isso. Não satisfez obviamente as oposições, e deixa no ar a ideia de que com mais umas greves vai "ao sítio".
Que é como quem diz, cede na baixa política para se manter no poder.
Já estive mais convencido de que com este Governo conseguíamos ultrapassar as nossas dificuldades.
Mas começo a ter sérias dúvidas, e Deus queira que eu esteja errado.
Para bem de todos nós.
Post 425
... SIGNIFICA FICAR COM OS IMPOSTOS PAGOS PELOS CLIENTES!
A Associação de Hotelaria e Restauração (AHRESP) sublinhou no encontro que teve com os grupos parlamentares na Assembleia da Republica a sua disponibilidade para participar com os Serviços de Finanças numa campanha contra a "informalidade" no sector, bem como na participação de outras acções consideradas necessárias no combate a essa mesma "informalidade", em troca da manutenção da actual taxa do IVA, com o argumento que dessa forma aumentará a arrecadação do imposto ao invés do que se irá verificar se o Governo persistir no aumento da respectiva taxa .
Vamos por partes. "informalidade" quer dizer alguém fica com o dinheiro que os clientes pagam sobre a capa de IVA, com a agravante de tal conduta conduzir a uma diminuição de receitas em sede de IRC. A Associação sabe dessa "informalidade", que tem outro nome e outras consequências, e nada fez para a combater.
Disponibiliza-se agora para o fazer em troca da não aplicação de um agravamento do imposto.
Ora esta disponibilidade actual que naturalmente se louva, tem um condicionalismo: O imposto não aumentar. Porque, deduz-se, que se aumentar a "informalidade" manter-se-á, ou eventualmente aumentará.
Apelidar a medida em discussão no Orçamento do Estado de tragédia, chacina, tiro no escuro, brutal, bomba atómica ou outra, é um direito, embora excessivo. É que se não houvesse tanta "informalidade" no sector, tal como noutras áreas da economia, se calhar não era preciso aumentar a taxa do IVA.
Todos temos o direito de reclamar, mas para haver direitos têm de se cumprir as obrigações.
Sobretudo entregar ao Estado um imposto que o cliente pagou.
Alguém andou a meter a mão na panela, pelo vistos sem se queimar, e agora reclama porque o caldo está a ferver.
Não é verdade meus senhores ?
Post 416