Quem tivesse aterrado em Portugal este fim de semana vindo da estratosfera, e tivesse ligado a televisão pensaria decerto estar a assistir a um Congresso de um Partido que estava há seis anos na oposição, tal era o vigôr da retórica contra quem tinha tomado as medidas que levaram Portugal práticamente à bancarrota e se viu obrigado a pedir ajuda ao FEEF e consequentemente ao FMI, entidade que durante semanas a fio foi deabolizada, enquanto os juros da nossa dívida antigiam valores inacreditaveis a apenas meia dúzia de meses.
Com visão, que sempre faltou e sem demagogias baratas, que sempre sobraram, caso o pedido agora efectuado tivesse sido feito um ano antes teriam sido poupadas centenas de milhões de euros ao País e sacrifícios desnecessários para a generalidade da população.
É sabido de há muito que o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente. Ora a liderança do Partido Socialista desde a chegada de José Sócrates a Secretário Geral é manifestamente absolutista, centrada à volta do Grande Líder de quem todos dependem e a quem todos prestam a devida vassalagem. Não admira pois que as ideias estejam absolutamente corrompidas.
Neste Congresso não apareceu uma única voz discordante. Não se apresentou uma alternativa.
Não foi de unanimidade, mas sim de unanimismo o ar que por ali se respirou, logo é preciso terem muito cuidado com as costas.
Digno de registo apenas o regresso dos "bons filhos" que à casa tornam. De seus nomes Ferro Rodrigues e Manuel Alegre.
Também eles sem ideias, só com frases feitas à procura de espaço para as próximas batalhas internas que se antevêem fratricidas, as quais como a história ensina são sempre as mais mortíferas.
Portugal merececia mais e melhor.
Post 294
O Governo aprovou ontem em conselho de ministros a minuta de alteração ao contrato de concessão do TGV entre Poceirão e Caia, que visa, entre outros objectivos, "eliminar a garantia pessoal do Estado", no âmbito do empréstimo contraído pela concessionária Elos junto do Banco Europeu de Investimento, "a substituir por garantia prestada por um sindicato bancário".
É pois evidente a tentativa de conseguir a qualquer custo a luz verde do tribunal de contas para avançar com a mais ruinosa das PPP.
Com o aperto que os portugueses estão a sentir na pele com o aumento generalizado dos bens de consumo, combustíveis, electricidade, etc., e com a redução efectiva de rendimento, leia-se menos vencimento e aumento dos impostos, esta decisão é escandalosa.
Só quem é absolutamente insensível aos sacrifícios impostos aos portugueses pode persistir numa decisão que tem necessariamente de esconder algo de escabroso que não é conhecido do portugueses.
Compreendemos que as medidas de austeridade não façam mossa no bolso do Primeiro Ministro e dos Ministros das Finanças e Obras Públicas. Terão rendimentos próprios e fortuna que lhes permita passar imunes à crise, mas os outros?
Os que não têm de dar de comer aos filhos, os mais remediados mas que não conseguem pagar os empréstimos, fazendo disparar o crédito mal parado e as penhoras, as gerações vindouras que nascem já endividadas até às orelhas, porque tem de ser massacrados por políticas absurdas?
A quem aproveita uma obra que no actual contexto económico não tem cabimento?
O que está a ser pago? E a quem?
Será o preço exigido pela Sra. Angela Merkel para responder afirmativamente ao pedido lancinante de apoio para esta política económica desastrosa?
Se não é parece. Mas que há gato escondido nisto, há.
Apela-se aqui ao bom senso de Guilherme Oliveira Martins para que impeça até que as finanças públicas o permitam, mais este desastre.
É que os senhores governantes um dias destes, seja quando isso for, vão embora mas os portugueses, todos, ficam até 2050 a pagar os seus disparates
Post: 210
Temos mantido, e continuaremos a manter até ao final da actual campanha para eleição do próximo Presidente da Republica uma postura reservada tendo em atenção que se trata do último recurso da Republica, em democracia, que deve ser preservado mesmo que não se concorde com quem exerceu o lugar durante os últimos anos, ou com aqueles que se candidatam nestas eleições.
No momento em que a crise em que nos encontramos mergulhados é assustadora, as discussões sobre a matéria deveriam ter-se centrado exclusivamente em assuntos que verdadeiramente interessam ao País e não em fait-divers, que só servem para distrair as atenções sobre o essencial.
Recordamos pois com saudade um candidato mítico a eleições Presidenciais, O General Humberto Delgado , e muito teríamos gostado de ouvir, de todos os candidatos, aquilo que quase todos desejamos. OBVIAMENTE DEMITO-O.
Se houver coragem ainda vão a tempo.
Post 208
É sabido que durante as campanhas eleitorais a generalidade dos candidatos em vez de utilizarem os seus tempos de antena a debaterem temas sérios e de interesse da população, esclarecendo as verdadeiras políticas que procurarão implementar e explicar em que se diferenciam dos restantes, utilizam os mesmos para lançar insinuações, levantar dúvidas acerca da idoneidade dos outros candidatos, em suma baixa política.
Ora nesta campanha para as presidenciais alguns dos candidatos parecem movidos apenas por ódios pessoais. Outros, embora com um gabarito diferente, para melhor, mas empurrados pelas circunstâncias também se têm deixado contagiar. Foi o caso de Manuel Alegre.
Mais depressa tivesse falado nas cargas policiais que considerou terem sido ordenadas pelo seu opositor Cavaco Silva enquanto Primeiro Ministro, e que segundo ele são uma imagem de marca de direita que os socialistas não cultivam, mais depressa a policia carregava sobre uma manifestação de protesto junto à residência do Primeiro Ministro, que por acaso não estava em Portugal. Não podia ter sido mais infeliz.
Mas tal facto não retira o simbolismo de que quem tem telhados de vidro, não deve atirar pedras ao do vizinho.
E já agora, nestes últimos três dia de campanha eleitoral, uma ideiazinha para Portugal. Consistente.
Ficavamos agradecidos.
Post 207
Nem a um Domingo, a caminho das queijadas de Sintra, nem a qualquer outro dia da semana, seja a caminho do trabalho, quem o tem, ou de qualquer outro sítio.
Mas também não adianta enfiar a cabeça na areia como se nada se passasse, e vivêssemos no melhor dos mundos, como faz o Primeiro Ministro.
O que adiantava era falar a verdade aos portugueses de uma vez por todas. Embora escaldados, como na história do lobo que gritava que se tinha afogado, e quando já ninguém acreditava nos seus pedidos de socorro acabou mesmo por morrer, se calhar ainda estaríamos dispostos a ser mobilizados por uma última vez.
Perdoados os 150.000 empregos, os impostos que não subiam (eu seja ceguinho), o estado social que ia crescer,e sei lá mais o quê, digam-nos por uma vez, olhos nos olhos, o que podemos esperar.
Por mais doloroso que seja. Um doente em fase terminal mas consciente só pode colaborar na cura se souber do que sofre, e o que tem de sofrer para se salvar.
Haja pois honestidade, porque eles vêm a caminho.
E não é o lobo a gritar!
Post: 200
... E A TERRA COMEÇA (EM FORMA DE BOTA), UM POVO SEM RUMO, SEM ESPERANÇA E SEM GOVERNO, DEBATE-SE COM UMA DÍVIDA EXTERNA DO TAMANHO DO MUNDO, AUTÊNTICA BOTA PARA AS GERAÇÕES FUTURAS DESCALÇAREM.
Post: 199