Poucas vezes um Primeiro-ministro, em sérias dificuldades com a política implementada, e os erros de casting cometidos, terá encontrado um alinhamento das estrelas, dos astros, e sabe-se lá de quê mais, tão favorável.
Senão vejamos. O governo escolhido por Pedro Passos Coelho teve na sua génese dois pescados capitais, cada um deles, por si só, capaz de mandar para o inferno as suas melhores intenções, e em conjunto tornando inevitável tal caminho.
Os pecados capitais foram. Em primeiro lugar o número de Ministérios escolhido, criando verdadeiros elefantes, onde se exigiam felinos ágeis, para lutar contra as manadas de fugidias gazelas, (há quem lhe chame velhas raposas, e até nomes bem piores) sempre em busca das melhores pastagens: e em segundo lugar a escolha de Miguel Relvas para Ministro, e logo com a coordenação política do Governo. Por si só cada decisão partia as porcelanas expostas na Loja, em conjunto estão prestes a destruir a Loja (leia-se governo).
O primeiro caso, foi uma teimosia do Primeiro-ministro, face a uma promessa da campanha eleitoral, que se sabia desde o início iria causar sérias dificuldades de funcionamento. Era um sinal de contenção (tal como as viagens de avião em classe turística, que afinal são uma borla da TAP).
Em ambos os casos trata-se de medidas para palerma (eleitor) ver.
Já a nomeação de Miguel Relvas era mais difícil de evitar, pois era difícil a Pedro Passos Coelho descartar-se de quem durante 5 ou 6 anos esteve solidariamente a seu lado, parte dos quais sozinho ou quase antes da ascensão política do futuro Primeiro-ministro ganhar fôlego.
Miguel Relvas foi o seu mentor (a par do Engº. Ângelo Correia), o apoio constante, o conselheiro, o porta-voz, e se calhar o seu motorista.
Era incontornável pois a sua nomeação, em prova de reconhecimento pessoal, mas mostrando que não conhece o Princípio de Peter.
Se calhar não vinha dessa nomeação mal ao mundo se Miguel Relvas tivesse outro perfil. Mas cada um é como Deus o fez.
No entanto devido ao tal alinhamento das estrelas, ou seja com a decisão do Tribunal de Contas, que lhe abriu as portas (não confundir com o MNE) a todas as decisões impopulares que seja necessário tomar sobre cortes ou aumento de impostos, que ficam por conta do TC, e com a mais absoluta fragilização política de Miguel Relvas, que por uma questão de bom senso e até de solidariedade para com quem o nomeou, se deveria demitir, Pedro Passos Coelho, está absolutamente à vontade para remodelar o governo e lançar um conjunto de medidas visando a melhoria, progressiva, das condições de vida dos portugueses.
Aqui fica, resumidamente um conjunto de sugestões, quem sou eu para dar conselhos, que o ajudariam a criar um clima mais desanuviado na sociedade portuguesa:
- Vá uns dias de férias (8, não mais que a vida no Algarve está cara);
- Fale com o parceiro de coligação;
- Promova um ou dois secretários de estado a ministro, com a criação de novos Ministérios, eliminando assim algumas das incongruências existentes.
- Substitua Miguel Relvas por um ministro competente, rigoroso e credível;
- Avance com um discurso mobilizador.
Verá que o País agradece e dará um passo em frente para ultrapassar esta maldada crise.
No fim não se esqueça de ira a Fátima (não precisa de ir a pé, pois tem mais que fazer) agradecer o alinhamento das estrelas e dos astros.
Os mais crentes dirão que foi a intervenção da Nossa Senhora.
Boas Férias
Post 495
Fátima Felgueiras acaba de ser absolvida de todos os crimes de que era acusada. Convém recordar que teve de fugir, em 2003, para o Brasil, quando na eminência de ser presa preventivamente, foi informada, ao que se julga saber, por alguém altamente colocado no aparelho da justiça.
Voltou em 2005, para se defender das acusações de que era alvo, e de passagem ganhou, novamente, as eleições para a presidência da Câmara.
Entre repetições de julgamentos, confirmações e alterações de decisões judiciais e prescrições, Fátima Felgueiras acabou livre de todos os 23 crimes iniciais de que era acusada.
Perante este desfecho, a conclusão a que o cidadão comum chegará é a seguinte: Se não há razões para a condenar, então não havia razões para a prender, ainda que preventivamente.
E se tivesse ido para a cadeia em prisão preventiva, quem lhe devolvia, agora, o tempo que tivese estado presa.
Claro que os que sabem muito de justiça, dirão outra coisa e o seu contrário, segundo os interesses que defendam.
Mas fica um pergunta: Depois de quase quarenta anos (numero mítico) em democracia não é possível haver julgamentos justos, em tempo útil, iguais para todos?
Post 487
Fomos dos que nos indignamos contra as malfeitorias feitas no tempo do ex-Primeiro Ministro, com as tentativas de domínio da comunicação social, que podem não terem sido crimes públicos, não foram com toda a certeza, senão a PGR, e o Supremo Tribunal de Justiça teriam actuado, mas que politicamente estão mais que provados, e dos que julgamos que com uma nova maioria decente, isso não voltaria a suceder, pelo que nos sentimos duplamente enganados.
Quando foi eleito tivemos a oportunidade de dirigir ao concidadão Pedro Passos Coelho, uma carta aberta na qual lhe pedíamos que o seu único critério para as nomeações políticas que se iriam suceder fosse a competência.
Claro que não nos leu, mas mesmo que o tivesse feito não levaria em conta o nosso pedido, pois tinha compromissos a honrar. O homem que andou com ele dez anos ao colo tinha de ser premiado. E foi-o de tal forma, que o feitiço se virou contra o feiticeiro. Isto é aquele que deveria ser um escudo e um apoio permanente do Primeiro Ministro, que deveria estar para lá de todas as querelas, foi exactamente quem abriu as portas às feras, e de tal forma as abriu que acabou devorado por elas , correndo-se agora o risco de estas não pararem, pois tendo tomado o gosto, podem querer devorar para além do suposto domador, o dono do circo, isto é quem não levou em conta que as nomeações deviam ter por único fundamento a competência, o que não é manifestamente o caso.
Compreende-se que neste momento qualquer decisão seja difícil de tomar. Miguel Relvas não vai sair pelo seu próprio pé, porque isso seria assumir as culpas que realmente tem, mas que se recusa a assumir. Pedro Passos Coelho resiste a demiti-lo por solidariedade pessoal, respeitável, mas também porque isso no seio da coligação terá consequências. O CDS, numa remodelação do Governo vai querer contrapartidas, publicas ou privadas. Pela competência e pela solidariedade demonstrada no seio da coligação.
Por outro lado, ao PS não convém que Miguel Relvas saia, pois assim tem um Coelho, quero dizer um Relvas, no tacho a ser cozinhado em lume brando, quanto mais brando melhor, para nos momentos próprios aquecer o debate.
Há exemplos de Presidentes da Republica que se demitiram por menos, mas isso foi em países de gente inculta e sem respeito pela democracia, como por exemplo a Alemanha.
Por cá vão aguentar enquanto puderem a situação, e quando já não puderem mais, começarão a disparar a torto e a direito clamando contra os inimigos da democracia que não respeitam a vontade dos eleitores. Poetas.
A resposta por escrito ao Expresso, do ainda Ministro Miguel Relvas, às cinco perguntas, por escrito, que lhe foram colocadas por aquele jornal, são um hino à hipocrisia política, e deveriam obrigatóriamente fazer parte do manual para captação de novos Miguel Relvas que a Universidade de Verão do PSD todos os anos promove.
Se o Eça ainda andasse entre nós tinha ao seu dispor uma personagem das Arábias para retratar.
Como não está, em nome da democracia, da liberdade de imprensa, da sanidade mental dos portugueses, e contra os recados, os telefonemas, os sms e demais formas de pressão dos ministros, adjuntos, chefes de gabinete e outros ..., senhor Primeiro Ministro:
DEMITA-O, OBVIAMENTE !
Post 485
Declaração de Interesses: Continuo a pensar que Miguel Relvas é o elo mais fraco do Governo, e que por uma questão de princípio se devia demitir, não chamando à colação, neste momento, que nem sequer deveria ter assumido o lugar de relevo que tem, mas isso são outras histórias.
Mas o que quero relevar aqui, é a forma como Miguel Relvas se deixou enredar num golpe de génio de alguém que pensa, e pensa como deve ser para defender os seus interesses ou os interesses de quem defende, com a questão levantada em torno da ameaça, ou não, à jornalista do Público, das pressões, ou não, desta para que o ministro respondesse em 32 minutos a uma pergunta sua, (porque será que não podia ser em 33?), o pedido ou não de desculpas do ministro, a audição na ERC, por escrito ou presencial, a audição, ou não, parlamentar e todo um conjunto de "dizes tu digo eu", que prometem não ter fim e não vão obviamente levar a lado nenhum.
Mas o objectivo final de alguém foi conseguido. Deixou de se falar nos espiões, nas secretas, nos erros, nas informações eventualmente fornecidas indevidamente a pessoas indevidas, no risco sério em que se colocou a segurança do País, nas eventuais dificuldades colocadas nas relações bilaterais com outros países, face aos atropelos cometidos, em resumo as questões importantes.
Isso foi atirado para o fundo da gaveta, à espera de uma melhor oportunidade política, para no momento oportuno vir ao de cima.
O resto visto pelo prisma da liberdade de imprensa, da democracia, do direito à informação, tem importância sim senhor, mas face ao essencial é "lana-caprina".
Mas tem mais emoção, e assim a malta compra jornais, ouve telejornais, é enganado e bate palmas.
Viva Portugal.
PS: Durante a segunda guerra os espiões cruzavam-se no Estoril, bebiam chá ou whisky à mesma mesa, lançavam e recolhiam boatos, que corriam a comunicar aos respectivos patrões, e depois havia a elite que intoxicava, manobrava e recolhia realmente as informações importantes. Pouco ou nada mudou depois disso.
Post 484