Otelo Saraiva de Carvalho voltou publicamente a considerar necessária no actual contexto político a actuação das Forças Armadas, a qual deveria passar por "uma operação militar que derrube o Governo que está em funções”.
Em linguagem comum que efectivasse um Golpe de Estado.
Ora apesar de terem sido proferidas por Otelo Saraiva de Carvalho, e terem por isso o valor que tem, tais declarações continuam na senda de anteriores declarações suas sobre o mesmo assunto, a revelar uma nostalgia do poder completamente fora de contexto, e que já deveriam ter merecido uma actuação por parte dos responsaveis pelo estado de direito em que, supostamente, nos encontramos.
Não defendemos que a opinião por ele perfilhada: "E, oxalá que, realmente não tenhamos que um dia encher a arena do Campo Pequeno com muitos contra-revolucionários, antes que os contra-revolucionários nos metam a nós no Campo Pequeno" Otelo Saraiva de Carvalho - 15/6/75, devidamente adaptada, lhe deva ser aplicada, mas por outro lado não nos restam grandes dúvidas que o contínuo apelo à prática de infracções graves às regras militares e constitucionais por parte de quem não teve ao longo do tempo um comportamento exemplar, e mesmo que tivesse tido, está a ultrapassar todos os limites.
É que se nada for feito, quando um dia destes grupos de arrivistas conotados com regimes pouco ou nada democráticos vierem para a rua apelar a sublevação, ao confronto com as autoridades ou à destruição dos bens públicos e privados ter-se-á perdido a moral para os combater, pois deixou-se entretanto proliferar uma sensação de impunidade para os constantes apelos revolucionários.
Tenho ideia que há em Portugal uma entidade que deveria tomar conta deste tipo de infracções.
Ou será que já foi reinar para Inglaterra?
Post 465
O Subdirector do Jornal Expresso Nicolau dos Santos, que assina igualmente a Página de Economia "Cem por Cento" é useiro e vezeiro na forma desprimorosa como se refere aos Contabilistas, como se estes fossem gente de Segunda (ou mesmo de Terceira) os quais quando, por obra do espírito santo, atingem algum lugar de destaque nas hierarquias são a causa de todas as asneiras praticadas e de todos os males acontecidos no mundo.
Ora a classe dos Contabilistas que se encontra agrupada na respectiva Ordem, para aceder à qual tem de percorrer um árduo caminho, e que para lá se manter está sujeita a um apertado Regulamento de Controlo e Qualidade, com uma Formação contínua exigente, sem paralelo nas outras Ordens, obviamente não se pode rever nesta forma desagradavel (isto para ser simpático) como um jornalista por muito conceituado que seja se expressa num jornal de referência e de maior circulação em Portugal.
Eis alguns exemplos concretos: No Jornal Expresso de 12 de Junho de 2010 o Jornalista Nicolau Santos num artigo intitulado "A estúpida decisão da Europa", escreve a dado passo: " Ora a sr. Merkel já demonstrou que é sobretudo uma contabilista - e uma má contabilista. Adiou até ao limite a aprovação de um pacote europeu de ajuda à Grécia para ganhar as eleições na Renânia-Vestfália - e perdeu-as. Agora, resolve cortar drasticamente no orçamento alemão, quando o seu país não está sob ataque dos mercados ...".
O que faz pois Nicolau dos Santos? Associa uma decisão estúpida da Europa (na sua respeitavel opinião) a uma contabilista, embora condescendendo que se trata de uma má contabilista. Do mal o menos.
No Expresso de 16 de Abril do corrente ano é um pouco mais brando limitando-se a sugerir que se deve "mostrar aos contabilistas (só a estes) que nos enviaram que aqui (em Portugal) há bastante mais vida do que défices e dívidas descontroladas, enquanto no mesmo Jornal agora de 22 de Abril, esclarece-nos da sua cátedra que "A Europa não aprende (porque) os contabilistas que governam a Europa caracterizam-se por colocar os seus interesses à frente da construção europeia". Estamos portanto a falar de gente interesseira, os contabilistas, porque todos os outros estão imunes a esses desvios de formação e de carácter.
Parece pois que esta fixação de Nicolau dos Santos na forma como se refere aos Contabilistas, pessoas competentes, dignas e respeitáveis com as excepções naturais que existem em todas as profissões, nomeadamente na classe dos Jornalistas e dos Economistas, revela uma certa dose de paranóia.
Como aparte final convém lembrar que os Contabilistas sob a égide da sua Ordem são fundamentais para fazerem frente a uma constante avalanche de exigências que são colocadas pela Administração Fiscal a todos os contribuintes, de forma a que estes possam cumprir com regularidade e transparência as suas obrigações fiscais.
Não só por isso, mas também por isso, mereciam mais respeito.
Post 308
É com toda a franqueza que o digo: Sinto tristeza por Teixeira dos Santos. Sei que o senhor não precisa da minha comiseração, mas tal não invalida que a expresse.
É de pungente sofrimento a mascara de mártir que ostenta nas fotos que diariamente são publicadas na imprensa e é de tristeza, diria mesmo de dor, a sua postura quando se apresenta perante as câmaras de televisão.
É óbvio que tem culpas no cartório, e temos comentado algumas das medidas politicamente condenáveis que assumiu ou "foi obrigado" a assumir, dado que foi arrastado, sem dó nem piedade, para o pântano, por quem tinha necessidade de apresentar um nome credível para dar o corpo às balas, pela sua (dele) política económica sem credibilidade.
Como escrevemos recentemente só o desnorte que se verifica no Governo permite que ontem Teixeira dos Santos tenha afirmado: "O Governo obviamente negociará e empenhar-se-á em ser um facilitador dos contactos e diálogo com outras forças políticas para que elas também se comprometam perante essas organizações" quando na passada sexta-feira afirmou: "Chamo a atenção que quem tem de negociar com a oposição não é o Governo, são as partes envolvidas do lado europeu. Essa não é uma responsabilidade do Governo”. Paradigmático.
Entretanto o primeiro-ministro convocou para hoje os partidos para reuniões com vista à discussão do processo de negociação do pedido de ajuda financeira a Portugal, quando há três semanas na apresentação da sua moção de recandidatura como secretário-geral do PS, afirmou que "a agenda do FMI e da ajuda externa levaria o país a suportar programas que põem em causa não só o nosso estado social mas também o que é a qualidade de vida de muitos portugueses e eu não estou disponível para isso", afirmando repetidamente ao longo do discurso que "Portugal não precisa de nenhuma ajuda externa". Mais claro do que isto só a água pura da ribeira.
Viver em Portugal neste ano de 2011 da graça de Deus era divertido; Se não fosse dramático.
Post 298
O Prof. Daniel Bessa no jornal "Expresso" de sábado passado explicou em duas penadas e meia dúzia de linhas uma evidência que estou convencido a esmagadora dos portugueses desconhecia, tal como eu, porque ninguém tinha explicado.
A saber: A nossa dívida liquida é cerca de 180 biliões de euros (105%) do PIB e corresponde à diferença entre o que devemos e o que nos devem a nós.
Ou seja é a diferença entre os 505 biliões de euros que devemos (294% do PIB), e os 325 biliões que nos devem.
Só que o permanente agravamento dos prémios do risco da dívida portuguesa incide sobre a totalidade da dívida e não sobre a dívida liquida.
Portanto o que temos a pagar é muito superior ao que se anuncia.
Os portugueses em geral, podem ser leigos em muitas matérias, mas não são estúpidos, assim haja quem lhes explique.
Tal era um dever elementar do Governo, e não passar a vida a camuflar situações e a empurrar a crise com a barriga.
É que um povo esclarecido está mais disposto a colaborar
Obrigado, Professor.
Post: 193