O Presidente da Republica cancelou em cima da hora uma visita à Escola António Arroio, quando dezenas de alunos e encarregados de educação estavam pelo menos desde as 10:00 concentrados em frente ao portão da escola à sua espera.
Uma fonte da Presidência da República informou que o cancelamento da visita "deve-se a um impedimento que impossibilitou a sua realização", “pelo que a visita iria realizar-se apenas com a presença do secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida”.
Trata-se de um facto inusitado a precisar de uma explicação muito clara para que não subsista qualquer dúvida acerca da ausência do Presidente da Republica, e o que isso pode representar para a segurança das pessoas em geral. Duas perguntas se colocam:
Não foi porque a sua segurança estava em causa?
Não foi porque não quis estar sujeito aos apupos de umas dezenas de alunos e de encarregados de educação que protestavam, eventualmente com razão?
Escudar-se num simples “impedimento” é pouco, porque deixa a dúvida metódica: Se o Presidente da Republica já não vai a determinado lugar porque não é seguro, o que dirá o comum dos cidadãos.
Como disse em entrevista à televisão o senhor secretário do Estado há com certeza uma razão muito forte a justificar a ausência.
É legitimo então perguntar qual é essa razão muito forte, e é legitimo esperar por uma resposta credível mais não seja por uma comunicação no Facebook, como começamos a estar habituados.
Post 454
Antecedendo a fase de contar espingardas, começam a verificar-se no seio do PS movimentações no terreno dos que se perfilam como candidatos a candidato do PS na próxima eleição para a Presidência da Republica. Nada aliás que não se verifique para os lados da Direita, com Marcelo Rebelo de Sousa na “pole position”.
Cingindo-nos por agora ao PS, o provável candidato mais bem colocado, quanto a nós, é António Costa. Manteve-se distante das disputas relativas à eleição do novo Secretário-geral e adoptou há muito uma posição de Estado, não se coibindo inclusive de uma postura crítica em relação ao próprio Partido.
Julgamos que o ex-Secretário Geral do Partido é uma carta fora do baralho e quanto a António Guterres, este marcou o seu próprio território definitivamente. Presidência da Republica: “jamais”.
Sobram o habitual candidato para tudo o que é lugar de destaque no Partido, António Vitorino, visto já com desconfiança, e os candidatos do costume Mário Soares e Manuel Alegre, mas julgamos que para estes o tempo não vai voltar para trás.
É pois dentro deste quadro de posicionamento das principais figuras do PS para a Presidência da Republica, outros actores haverá mas aguardam para ver em tempo oportuno onde param as modas, que se pode entender as últimas declarações de Carlos César o ainda Presidente do Governo Regional dos Açores na busca de notoriedade política a nível nacional.
Ao anunciar a sua não candidatura nas eleições de 2012, ao Governo Regional dos Açores, quis mostrar que não está apegado ao poder, e por outro lado ficar de mãos livres para os posicionamentos que melhor servirem os seus desígnios pessoais.
Além da “bicada” oportuna no seu vizinho da Madeira que na altura estava em campanha eleitoral.
Agora numa entrevista na Sic-Notícias, Carlos César afirmou entre outras coisas “ter uma apreciação crítica do mandato de Cavaco Silva, apesar de lhe reconhecer algumas "virtualidades" e não duvida que este é, entre todos os Presidentes da República eleitos desde o 25 de Abril, o Presidente mais partidário de sempre. Todos os outros Presidentes distinguiram-se claramente da sua origem partidária, e fizeram até muitas vezes questão de o evidenciar”
Carlos César considerou ainda que Cavaco Silva utilizou o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, e a declaração ao País sobre o seu veto, no Verão de 2008, para um "braço de ferro" com o então Governo de José Sócrates.
Claro que reduzir os poderes de um Presidente da Republica democraticamente eleito, no decorrer do seu mandato é um detalhe, não é verdade Carlos César?
Face ao que disse, verifica-se que é manifesta a falta de memória de Carlos César, por exemplo com o que foi a Presidência de Jorge Sampaio, o qual quando em oposição absoluta ao Governo de Durão Barroso e à política da Ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, declarou que “havia mais vida para além do défice”, frase assassina que desencadeou uma oposição feroz às políticas económicas de então as quais comparadas ao que posteriormente se seguiu eram “amêndoas”. Nem se recorda da forma como o mesmo Jorge Sampaio conduziu a situação interna do País quando da demissão de Durão Barroso para assumir a Presidência da EU, aceitando nomear Pedro Santana Lopes, sem eleições, a fim de dar tempo ao PS, que na altura tinha a sua Direcção sem rumo, a eleger um novo Secretário-geral, organizar-se e só então demitir Santana Lopes e marcar novas eleições?
Entende Carlos César que estas são atitudes que distanciaram da origem partidária quem assim procedeu?
E que dizer da sua completa ausência de memória do que foram as presidências abertas de Mário Soares, quando Cavaco Silva era Primeiro Ministro?
Recomendo-lhe a leitura de “O Presidente da Republica na génese do sistema de governo Português de Manuel Braga da Cruz, Análise Social, vol. XXIX: (analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1223301924C0eCB7zr4Zj67VU4.pdf)
Autêntica magistratura paralela de contestação à politica do Governo, “as presidências abertas, iniciadas em Guimarães no Verão de 1986, logo repetidas em Beja, Guarda, Portalegre, Açores, Viseu, em que o Presidente reforçou a sua «magistratura de influência», ouvindo populações, dando força (por vezes partidária) a determinados sectores locais, aumentando sobretudo a sua popularidade.
As presidências abertas, no dizer de Mário Soares, destinavam-se a conviver «em profundidade com as populações», para «auscultar os seus sentimentos profundos. Para esse efeito, passou o Presidente da República a receber grupos e entidades que, não conseguindo fazer valer as suas pretensões junto do Governo, procuravam nele um advogado capaz de pressionar o mesmo governo. Por isso viria mesmo a ser acusado de indevidas ingerências nalgumas áreas do executivo, em vez de assumir o ónus do veto político”.
Distancia partidária, não é verdade Carlos César?
Não existem Presidentes de todos os portugueses, primeiro porque os Presidentes não se conseguem distinguir claramente da sua origem partidária, o que é desde logo realmente uma limitação, segundo porque para muitos portugueses o Presidente eleito não será nunca o seu Presidente.
Lembra-se de Ramalho Eanes que do Palácio de Belém apadrinhou a criação de um Partido Politico para nele se rever?
Começa mal, Carlos César, a sua caminhada como candidato a candidato a Presidente da Republica pelo PS.
Afirme-se pela positiva. Caso contrário nunca será o Presidente de alguns portugueses.
Quando na semana passada o BE apresentou na Assembleia da Republica, durante o debate parlamentar, uma moção de censura ao Governo, fomos daqueles que achamos ser altura de todos os Partidos falarem de uma vez por todas acerca do assunto e depois ficarem calados durante um razoável período de tempo, acerca de um fantasma que parece ser agitado apenas quando não têm nada de mais substancial para apresentarem.
Agora, decorrido algum tempo, assente a poeira, e apesar de cada vez mais a moção ganhar contornos de que foi, concertada, apalavrada, ou pelo menos falada entre o PS e o BE mantemos a mesma opinião. É a hora de falarem meus senhores.
Quais foram então as vantagens para a apresentação da moção de censura, perguntar-se-á.
Para o Governo e para o Primeiro Ministro criou um espaço de manobra e de diversão de que não dispunha e de um prazo de validade prorrogado, bem como a oportunidade de poder atacar o PSD, como se tivesse sido este Partido a apresentar a moção de censura. A habitual falta de escrúpulos políticos, que nem o suposto ar de desalento do PM nem os esgares e as habituais tremuras de mãos de Louçã fazem alterar, agora, a convicção de que se tratou de algo que teve pelo menos a bênção do cardeal do regime, o Ministro Silva Pereira, e que permitiu ao BE, procurar colocar um manto diáfano de silêncio sobre a sua derrota nas presidenciais, bem como antecipar-se num passe de mágica ao PCP, cuja anunciada moção afinal não era mais do que bolas de sabão, sopradas ao vento. Bonitas enquanto duram mas a desfazerem-se em espuma breves segundos após terem nascido.
O CDS, manteve-se numa suposta posição de estado inclinados para onde lhes parece que o vento sopra. E agora sopra >>> dali.
Sobra o PS e o PSD, aqueles que um dia serão verdadeiramente julgados pelos que são os alvos indefesos das políticas indecorosas que protagonizam ou protagonizaram. Os desempregados, as gerações do desencanto, as mães e pais de família desesperados, os pobres e os doentes deste País.
Meus senhores apresentem AGORA as vossas moções. De censura uma, de apoio ao Governo outra. Confrontem-se e confrontem os Partidos que falam, falam, mas não dizem nada.
E de uma vez por todas partam para um combate honesto à crise.
É que com o desemprego em 11% e a subir, com o aumento das taxas de juro a consumirem, só por si, (os aumentos dos juros, não são os juros) os brutais aumentos de impostos e cortes na assistência social verificados, e com o Governo a continuar a adjudicar bocadinhos de TGV, o qual aos poucos se vai tornando irreversível para gáudio da senhora Merkel, e de mais uns quantos que a seu tempo saberemos quem são, Submarinos e Face Oculta, dixit, não dispomos de mais tempo.
Em breve estaremos enterrados vivos.
Post 233
Na edição de 4 de Dezembro último, o Jornal Expressso publicou a fórmula matemática acima reproduzida, a qual de acordo com os autores permitia concluir que o resultado de Cavaco Silva nas eleições presidenciais de Domingo seria de 53,393%.
Conhecidos os resultados, verifica-se que mais certeiro não podia ter sido o tiro.
Os autores da fórmula Luis Aguiar Conraria, professor de economia na Universidade do Minho, e Pedro Magalhães, politólogo e investigador do Instituto de Ciencias Sociais, estão no blogue "a destreza das dúvidas" http://aguiarconraria.blogsome.com.
Merecem acompanhamento permanente e parabéns pelo feito.
Post 215
Assistimos ontem em directo na televisão a um dos gestos mais antidemocráticos após o 25 de Abril de 1974.
Um dos ex-candidatos à Presidência da Republica, por acaso o que ficou em último lugar, afirmou em directo nos seus últimos cinco minutos de glória que não cumprimentava o vencedor.
Para além da enorme falta de educação que tal gesto representa, é uma manifestação de intolerância fazendo-nos lembrar outros tempos ou outros lugares.
Pelo facto de ser uma figura local, era importante que em qualquer circunstância o perdedor fizesse a pedagogia da tolerância democrática, do bom senso, em suma de uma forma correcta de estar na vida, mesmo perante aqueles de quem podemos discordar, com ou sem razão.
Apesar de em todo o tempo de antena que teve ao seu dispor durante a campanha eleitoral não ter apresentado um único tema com interesse para os portugueses em geral, e se ter confinado a um ataque pessoal sem nexo, não era previsível que levasse tão longe a sua arrogância.
E como dizem os portugueses o que é demais cheira mal.
Se tem provas concretas de casos condenáveis que mereçam ser investigados, tem ao seu dispor todos os meios legais. Força.
Se não tem e se se tratou de uma mera vingança pessoal é triste. E ficamos todos mais pobres.
Começando pelo perdedor.
Post 213